quinta-feira, 27 de maio de 2010

Em defesa da Vida - Riccardo Cascioli

mae-cass A mortalidade materna no mundo está em acentuado declínio, mas há aqueles que não desejam que isso seja publicado. A primeira afirmação vem de um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Washington e Brisbane, publicado recentemente pela revista médica britânica The Lancet segundo a qual o número de mulheres que morreram de complicações relacionadas à gravidez e ao parto caiu de 526.300 em 1980 para 342.900 em 2008.
Ainda assim continua sendo uma grande tragédia, e que poderia ser evitada, mas, felizmente, a situação está melhorando. Ainda assim, o diretor da Lancet, Richard Horton, relatou que há uma forte pressão para "o atraso da publicação da investigação." Horton não quis citar nomes, mas disse que os representantes das organizações “pró-saúde das mulheres” estão preocupados que a publicidade a estes “sucessos” possa desencorajar o investimento neste âmbito.
De fato, há anos estatísticas desatualizadas sobre a mortalidade materna são utilizadas no âmbito das Nações Unidas para demonstrar a necessidade de liberalizar o aborto como um meio de "maternidade segura". A pesquisa publicada na revista The Lancet, no entanto, refuta essa abordagem. As razões para o declínio da mortalidade materna são, de fato atribuídas a diversos fatores: menor taxa de fecundidade em alguns países, o crescimento da renda, que se traduz em uma melhor alimentação e acesso aos serviços de saúde, melhoria na educação das mulheres, a maior disponibilidade de "assistentes especializados "(pessoas com formação em saúde) para ajudar as mulheres durante o parto.
Os pesquisadores analisaram a mortalidade materna em 181 países entre 1980-2008, utilizando todo material disponível para reconstruir a "história" de cada país. Globalmente, a taxa de mortalidade materna caiu de 422 óbitos (para cada 100.000 partes saudáveis) em 1980, 320 óbitos em 1990 para 251 em 2008. Analisando o período 1990-2008 é possível perceber grandes diferenças de região para região. Entre as melhores taxas estão as Ilhas Maldivas (queda de 8,8%) e entre as piores a deterioração dramática do Zimbábue (+5,5%). Os piores índices, não surpreendentemente, são registrados na África subsaariana, mas em 2008 mais da metade das mulheres que morreram de complicações relacionadas à gravidez estão concentradas em seis países: Índia, Nigéria, Paquistão, Afeganistão, Etiópia e República Democrática do Congo. Na Índia e na China, no entanto, tem havido melhoras significativas que contribuíram para o declínio nas taxas de mortalidade: na Índia em 1980 morreram 677 mulheres para cada cem mil partes saudáveis; em 2008, as mortes foram reduzidas para 254. Na China o número passou de 165 mortes para 40.
Outro fato interessante destacado pela pesquisa é a grande quantidade de mortes causadas pela AIDS, pelo menos 60 mil por ano, o que explica o aumento das taxas de mortalidade materna na África Oriental e Meridional. Excluindo as mortes por infecção pelo HIV, portanto, o número de mulheres que morreram de causas ligadas à gravidez e ao parto em 2008 foi de 281.500.
No estudo publicado na revista The Lancet o tema aborto não é discutido, e é por isso que a pesquisa criou um conflito com países e organizações que apoiam a legalização generalizada uma vez que esta abordagem é ideológica e não apoiada em fatos. A redução da mortalidade materna em 75%, entre 1990 e 2015 é um dos Objetivos do Milênio, assinado por 191 países membros das Nações Unidas. E até o momento as estatísticas que apontavam um valor estável de mais de meio milhão de mulheres mortas a cada ano devido à gravidez tem sido utilizadas para demonstrar a necessidade da legalização do aborto no projeto "maternidade segura". Os resultados mostram o quanto esta abordagem é ideológica e não é amparada pelos dados apontados na pesquisa. Ao contrário, esmiuçando as tabelas se constata que a liberalização do aborto pode ser um fator agravante da mortalidade materna.
Pode-se notar, por exemplo, que os Estados Unidos, Canadá e a Noruega (que tiveram um ligeiro aumento nas taxas) estão entre as legislações mais liberais sobre o assunto. Mas se destaca especialmente o caso da África do Sul. Em 1980, a taxa de mortalidade materna foi de 208 mortes para cada cem mil partes saudáveis. Em 1990, a taxa foi quase metade, caindo para 121 mortes. Desde 1996 a África do Sul adotou uma das leis sobre o aborto mais permissivas do continente Africano e a taxa de mortalidade, que em 2000 já tinha subido para 155 mortes, em 2008 saltou para 237. Ao contrário, as taxas de mortalidade materna diminuem e permanecem baixas em países onde o aborto é muito restrito ou proibido, como na América Latina. Ou, como no Sri Lanka, que possui uma das leis mais restritivas do mundo, as taxas são de 30 óbitos por 100 mil, o menor de toda a Ásia do Sul e Sudeste. Ou ainda na África, onde, como nas ilhas Maurício, entre 1980 e 2008 houve uma diminuição de quatro vezes a taxa de mortalidade, e é 20 vezes menor do que a da paupérrima Etiópia, cujo governo liberalizou o aborto por pressão internacional.
Fonte: http://avvenire.ita.newsmemory.com/ 26.05.10