terça-feira, 1 de novembro de 2011

Novo embaixador do Brasil junto à Santa Sé


Senhor Embaixador,
Ao receber as Cartas Credenciais que o designam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Federativa do Brasil junto da Santa Sé, apresento-lhe respeitosos cumprimentos de boas-vindas e agradeço-lhe as significativas palavras que me dirigiu, nelas manifestando os sentimentos que lhe vão na alma ao iniciar esta sua nova missão. Vi com grande satisfação as saudações que me transmitiu da parte de Sua Excelência a Senhora Presidente da República Dilma Rousseff, pedindo ao Senhor Embaixador a amabilidade de fazer-lhe chegar a minha gratidão pelas mesmas e certificar-lhe dos meus deferentes votos do melhor êxito no desempenho da sua alta missão, bem como das minhas orações pela prosperidade e bem-estar de todos os brasileiros, cujo carinho experimentado na minha visita pastoral de 2007 permanece indelével nas minhas lembranças. Registro com vivo apreço e profundo reconhecimento a disponibilidade manifestada pelas diversas esferas governamentais da Nação, bem como da sua Representação diplomática junto da Santa Sé, para apoiar a XXVIII Jornada Mundial da Juventude que se realizará, se Deus quiser, em 2013 no Rio de Janeiro.
Como recordava o Senhor Embaixador, o Brasil, pouco tempo depois de despontar como Nação independente, estabeleceu relações diplomáticas com a Santa Sé. Isso nada mais era senão o desbordar da fecunda história conjunta do Brasil com a Igreja Católica, que teve início naquela primeira missa celebrada no dia 26 de abril de 1500 e que deixou testemunhos em tantas cidades batizadas com o nome de Santos da tradição cristã e em inúmeros monumentos religiosos, alguns deles elevados a símbolo de identificação mundial do País como a estátua do Cristo Redentor com seus braços abertos, num gesto de bênção à Nação inteira. Porém, mais do que construções materiais, a Igreja ajudou a forjar o espírito brasileiro caracterizado pela generosidade, laboriosidade, apreço pelos valores familiares e defesa da vida humana em todas as suas fases.
Um capítulo importante nesta frutuosa história conjunta foi escrito com o Acordo assinado entre a Santa Sé e o Governo Brasileiro, em 2008. Tal Acordo, longe de ser uma fonte de privilégios para a Igreja ou supor uma afronta à laicidade do Estado, visa apenas dar um caráter oficial e juridicamente reconhecido da independência e colaboração entre estas duas realidades. Inspirada pelas palavras do seu Divino Fundador, que mandou dar «a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus» (Mt 22,21), a Igreja exprimiu assim a sua posição no Concílio Vaticano II: «No domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas; mas, embora por títulos diversos, ambas servem a vocação pessoal e social dos mesmos homens» (Const. Gaudium et spes, 76). A Igreja espera que o Estado, por sua vez, reconheça que uma sã laicidade não deve considerar a religião como um simples sentimento individual que se pode relegar ao âmbito privado, mas como uma realidade que, ao estar também organizada em estruturas visíveis, necessita de ver reconhecida a sua presença comunitária pública.
Por isso cabe ao Estado garantir a possibilidade do livre exercício de culto de cada confissão religiosa, bem como as suas atividades culturais, educativas e caritativas, sempre que isso não esteja em contraste com a ordem moral e pública. Ora, a contribuição da Igreja não se limita a concretas iniciativas assistenciais, humanitárias, educativas, etc., mas tem em vista, sobretudo, o crescimento ético da sociedade, impulsionado pelas múltiplas manifestações de abertura ao transcendente e por meio da formação de consciências sensíveis ao cumprimento dos deveres de solidariedade. Portanto o Acordo assinado entre o Brasil e a Santa Sé é a garantia que possibilita à comunidade eclesial desenvolver todas as suas potencialidades em benefício de cada pessoa humana e de toda a sociedade brasileira.
Dentre estes campos de mútua colaboração, apraz-me salientar aqui, Senhor Embaixador, o da educação, para o qual a Igreja contribui com inúmeras instituições educativas, cujo prestígio é reconhecido por toda a sociedade. Com efeito, o papel da educação não pode se reduzir a uma mera transmissão de conhecimentos e habilidades que visam à formação de um profissional; mas deve abarcar todos os aspectos da pessoa, desde a sua faceta social até ao anelo de transcendência. Por esta razão, é conveniente reafirmar que o ensino religioso confessional nas escolas públicas, tal como foi confirmado no referido Acordo de 2008, longe de significar que o Estado assume ou impõe um determinado credo religioso, indica o reconhecimento da religião como um valor necessário para a formação integral da pessoa. E o ensino em questão não pode se reduzir a uma genérica sociologia das religiões, porque não existe uma religião genérica, aconfessional. Assim o ensino religioso confessional nas escolas públicas além de não ferir a laicidade do Estado, garante o direito dos pais a escolher a educação de seus filhos, contribuindo desse modo para a promoção do bem comum.
Enfim, no campo da justiça social, o Governo brasileiro sabe que pode contar com a Igreja como um parceiro privilegiado em todas as suas iniciativas que visam a erradicação da fome e da miséria. A Igreja «não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado, mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça» (Encíclica Deus caritas est, 28), pelo que a ela sempre se mostrará feliz em auxiliar na assistência aos mais necessitados, ajudando-lhes a livrar-se da sua situação de indigência, pobreza e exclusão.
Senhor Embaixador, ao concluir este encontro, renovo-lhe os meus votos de bom êxito na sua missão. No desempenho da mesma, estarão sempre à sua disposição os vários Dicastérios que formam a Cúria Romana. De Deus Onipotente, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, invoco as maiores Bênçãos para a sua pessoa, para os que lhe são caros e para a República Federativa do Brasil, que Vossa Excelência tem a honra, a partir de agora, de representar junto da Santa Sé.

Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2011/october/documents/hf_ben-xvi_spe_20111031_ambassador-brasile_po.html  em 1/11/2011.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CNBB divulga nota por uma “Reforma Política: urgente e inadiável”

CNBB divulga nota por uma “Reforma Política: urgente e inadiável”

Os bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reunidos em sua sede nacional em Brasília desde terça-feira, 25, divulgaram nesta quinta-feira, 27, encerramento da reunião, uma nota intitulada “Reforma Política: urgente e inadiável”.

No texto, os bispos reafirmam a posição da Conferência de que é preciso trabalhar para que a Reforma de fato aconteça no país, porém, destaca que deve ultrapassar uma simples reforma eleitoral para que a nação colha os frutos necessários. “Se feita de forma a ultrapassar os limites de uma simples reforma eleitoral, ela se torna um caminho seguro para coibir a corrupção e sua abominável impunidade que corroem instituições do Estado brasileiro e a vida do povo”, diz um trecho do texto.

Em coletiva de imprensa, a presidência da CNBB, por meio do seu presidente, dom Raymundo Damasceno Assis, reafirmou a posição da entidade expressa no texto. “Não estamos apenas pleiteando uma reforma eleitoral, mas uma reforma que nós consideramos urgente e inadiável e desejamos que a sociedade assuma essa bandeira de exigir e cobrar uma reforma política verdadeira em nosso país”.

Leia texto na íntegra, abaixo:

Nota da CNBB Reforma Política: urgente e inadiável!

A Reforma Política é uma urgência inadiável em nosso país. Se feita de forma a ultrapassar os limites de uma simples reforma eleitoral, ela se torna um caminho seguro para coibir a corrupção e sua abominável impunidade, que corroem instituições do Estado brasileiro e a vida do povo.

A expectativa de sua efetiva realização, assegurada pela Presidente Dilma Rousseff, em seu discurso de posse, e pelas imediatas iniciativas da Câmara e do Senado de constituírem comissões para esse fim, está se exaurindo diante da lentidão e falta de vontade política com que o Congresso Nacional tem discutido o tema. Por isso, o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília, de 25 a 27 de outubro, manifesta perplexidade e indignação, em sintonia com o clamor que vem das recentes marchas contra a corrupção, e conclama a todos a exigirem dos parlamentares efetivo empenho na aprovação de uma reforma política ampla e com participação popular.

A sociedade brasileira não pode ser frustrada neste seu direito. Projetos de leis de iniciativa popular exitosos, como as leis 9.840/1999, contra a corrupção eleitoral, e 135/2010, denominada Ficha Limpa, são a prova do quanto nosso povo quer pôr fim à chaga da corrupção no Brasil. Confiamos que o Supremo Tribunal Federal decidirá pela constitucionalidade desta última a fim de que seja aplicada já nas próximas eleições.

Neste contexto, a CNBB reitera o que disse em seu documento Por uma reforma do Estado com participação popular: “A reforma política de que o país necessita com urgência, não pode se limitar a regras eleitorais, e dentro delas ao funcionamento dos partidos. Ela precisa atingir o âmago da estrutura do poder e a forma de exercê-lo, tendo como critério básico inspirador, a participação popular. Trata-se de reaproximar o poder e colocá-lo ao alcance da influência viável e eficaz da cidadania” (Doc. 91, n. 101).

O momento exige, portanto, a retomada do diálogo entre os atores da sociedade civil e os legisladores, na perspectiva de incorporação de propostas concretas já construídas. Do contrário, o Congresso se omitirá, outorgando ao Judiciário a responsabilidade de decidir sobre questões que cabem, primordialmente, ao Legislativo.

O fortalecimento da democracia direta passa pela regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal, que trata dos plebiscitos, referendos e leis de iniciativa popular. Além disso, a reforma política não pode adiar medidas que moralizem o financiamento das campanhas eleitorais, assegurem candidaturas de “Fichas Limpas”, criem mecanismos para revogação de mandatos e garantam a fidelidade partidária.

A CNBB considera indispensável, também, dar novos passos que ampliem a aplicação da Ficha Limpa, de modo a atingir cargos comissionados do Parlamento e outros Poderes da Federação. O Executivo e o Judiciário são corresponsáveis por um Poder Serviço dignamente cidadão.

Movidos pela busca do bem comum e pela fé cristã, que nos faz “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18), confiamos que estes apelos sejam ouvidos pelos Parlamentares.

Nossa Senhora Aparecida, Mãe dos brasileiros, inspire nossos dirigentes e nos alcance de seu Filho a vitória que almejamos. Brasília, 27 de outubro de 2011.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis Arcebispo de Aparecida-SP Presidente da CNBB

Dom José Belisário da Silva Arcebispo de São Luís do Maranhão-MA Vice-Presidente da CNBB Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília-DF Secretário Geral da CNBB

ZENIT - A nossa missão é amar

ZENIT - A nossa missão é amar


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Denunciamos o assassinato covarde de mais um defensor da natureza na Amazônia


Sábado foi assassinado o líder comunitário João Chupel Primo em Miritutuba, município de Itaituba, PA. Conheci o João foi em sua comunidade que realizei as primeiras crismas como bispo de Itaituba.
Eu o tinha encarregado de fundar uma nova comunidade. Justamente no dia da crisma em junho deste ano, ele deixou de ser o coordenador da Comunidade Nossa Senhora de Nazaré de Miritituba para poder se dedicar à fundação da nova comunidade.
Ele vinha fazendo denúncias sobre grilos de terras e extração ilegal de madeira (veja a nota). Por isso foi assassinado brutalmente com um tiro na testa sábado passado.
Quando os defensores da natureza e da legalidade vão deixar de serem mortos? Quando o Governo Federal colocará pra valer a Polícia Federal para agir no Pará?
Fraternalmente
Dom Frei Wilmar Santin, O.Carm.
Bispo da Prelazia de Itaituba, Pará - Brasil




domingo, 25 de setembro de 2011

Prostitutas e publicanos entrarão primeiro no Reino dos Céus.

A frase está no comentário de Jesus à parábola dos dois filhos: um diz que vai fazer o que o pai pediu e não faz. O outro diz que não quer, mas depois faz a vontade do pai. Texto intrigante!
Esses versículos precisam ser lidos no conjunto do capítulo 21 do Evangelho segundo Mateus: Jesus entrara em Jerusalém (Mt 21,1-11) e tinha entrado em confronto direto com a religião do templo, recorrendo à denúncia já feita por Jeremias: "vocês transformaram a casa de meu pai num covil de ladrões" (Jr 7,11; Mt 21,12-17).

Da boca dos pequeninos, o verdadeiro louvor
O episódio da expulsão dos vendedores do templo é descrito pelos quatro evangelhos. Mateus, entretanto, acrescenta outra provocação de Jesus: cegos e coxos, até então impedidos de entrar no templo por serem considerados pecadores, são curados por Jesus no próprio santuário (Mt 21,14-17). E diante da indignação dos principais sacerdotes e escribas, responde: "Vocês nunca leram que é da boca dos pequeninos e crianças de peito que vem o perfeito louvor?" Desta vez, ele recorreu ao Salmo 8.
A parábola dos dois filhos vem na sequência da figueira estéril (Mt 21,18-22), imagem de um templo e de uma religião que não produzem mais frutos, e do debate de Jesus com as autoridades sobre o batismo de João (Mt 21,23-27).

Jesus, a Lei e a Justiça
"Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes nele, mas os cobradores de impostos e as prostitutas nele creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crer nele."  
"João veio até vós no caminho da justiça, e não crestes nele. Os cobradores de impostas e as prostitutas creram..." (Mt 21,32). O "caminho da justiça" é o caminho de Deus, de seu projeto, de sua vontade, de sua Lei. Na comunidade de Mateus, havia filhos - os fora da Lei - que tinham dito "não quero", porém se converteram à justiça anunciada por João e foram fiéis no seguimento de Jesus. Já os fariseus, que se consideravam justos, cumpridores da Lei, ficaram de fora. A comunidade de Mateus foi radical na hora de transmitir o que entendeu como fidelidade à Lei.
"Não pensem que vim abolir a Lei e os Profetas, mas dar-lhes pleno cumprimento. Quem desobedecer um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar aos outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será grande no Reino dos Céus" (Mt 5,17-19).  
A comunidade de Mateus, por um lado, insiste na fidelidade à Lei, por outro diz que o próprio Jesus desobedeceu à lei do descanso sabático, às leis da purificação. Como entender esta aparente contradição entre o que Jesus pede que façamos e o que Ele mesmo praticou no seu tempo?
Na compreenão judaica, Lei e Profetas representam todo o Antigo Testamento: a História de um Deus que caminha com o seu povo e com ele faz Aliança. Jesus veio dar plenitude a esse tratado de amizade de Deus com o povo. Ele quer que sejamos fiéis ao plano salvífico do Pai, fiéis ao espírito do Antigo Testamento e não apenas a um conjunto de regras morais. Assim, resgatou o sentido original da Lei que é o amor misericordioso de Deus e questionou as leis casuísticas da tradição. Por isso, dizia: "ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo..." (Mt 5,21-22)
O evangelho da comunidade de Mateus, que vive as dificuldades com o legalismo farisaico, lembra as palavras de Jesus: "Se a justiça de vocês não supera a dos doutores da Lei e a dos fariseus,  vocês não entrarão no Reino dos Céus" (Mt 5,29). E logo, nos capítulos 5 a 7, explica qual deve ser a atitude cristã diante da Lei (contra a prática dos escribas) e diante das obras de piedade (contra o jeito dos fariseus). A síntese aparece na boca do próprio Jesus: ‘Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas" (Mt 7,12).
Mas e Jesus, como cumpre a Lei? O importante para ele é a Lei da vida. Ele nunca aparece angustiado por leis ou normas cultuais. Ao contrá­rio, denuncia os doutores da Lei e os fariseus que "amarram fardos pesados e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo..." (Mt 23,4). Jesus, ao contrário, vive com grande fidelidade e liberdade e ainda nos convida: "Venham a mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo e eu lhes darei descanso" (Mt 11,28). Para ele, o cumprimento do preceito não é o mais importante. Por isso: "Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva doce e do cominho e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericór­dia e a fidelidade" (Mt 23,23). Epor último: "Aprendam o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifícios''' (Mt 9,13).

E nós hoje?  
São fortes as palavras de Jesus sobre qualquer forma de hipocrisia religiosa. Esses versículos não escondem o recado: uma religião que se restringe ao cumprimento de rituais e não se vincula com o caminho da justiça, não produz adesão verdadeira.
Como superar a religião do rito? Como fazer a vontade de Deus de fato e não apenas por palavras? A reposta cabe a cada um e cada uma de nós, pessoal e comunitariamente
Fonte: http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=1&noticiaId=2397 em 25/09/2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sentimentos de Maio - João Paulo II


3ª Peregrinação das Famílias em Aparecida

http://www.cnbb.org.br/site/comissoes-episcopais/vida-e-familia/6580-apos-a-assembleia-da-cnbb-cidade-de-aparecida-recebe-a-peregrinacao-nacional-da-familia

Código florestal mal intecionado não pode por em risco nosso futuro


Lamento profundamente que a discussão do Código Florestal foi colocada preferentemente num contexto econômico, de produção de commodities e de mero crescimento econômico.
Isso mostra a cegueira que tomou conta da maioria dos parlamentaree também de setores importantes do Governo. Não tomam em devida conta as mudanças ocorridas no sistema-Terra e no sistema-Vida que levaram ao aquecimento global.
Este é apenas um nome que encobre práticas de devastação de florestas no mundo inteiro e no Brasil, envenenamento dos solos, poluição crescente da atmosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento acelerado da desertificação e, o que é mais dramático, a escassez progressiva de água potável que atualmente já tem produzido 60 milhões de exilados.
Aquecimento global significa ainda a ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos, que estamos assistindo no mundo inteiro e mesmo em nosso pais, com enchentes devastadoras de um lado, estiagens prolongadas de outro e vendavais nunca havidos no Sul do Brasil que produzem grandes prejuízos em casas e plantações destruídas.
Só cegos e estupidificados pela ganância do lucro não veem as conexões causais entre todos estes fenômenos.
A Terra está doente. A humanidade sofredora de 860 milhões passou, por causa da crise econômico-financeiro dos países opulentos, onde grassam ladrões, salteadores de beira de estrada das economias populares, a um bilhão e cem milhões de pessoas.
Consequência: a questão não é salvar o sistema econômico-financeiro, não é produzir mais grãos, carnes e commodities em geral para exportar mais e aumentar o lucro.
A questão central é salvar a vida, garantir as condições físico-químicas e ecológicas que garantem a vitalidade e integridade da Terra e permitir a continuidade de nossa civilização e do projeto planetário humano.
A Terra pode viver sem nós e até melhor. Nós não podemos viver sem a Terra. Ela é nossa única Casa Comum e não temos outra. Ela é a Pacha Mama dos andinos, a grande mãe, testemunhada por todos os agricultores e a Gaia, da ciência moderna que a vê como um superorganismo vivo que se auto regula de tal forma que sempre se faz apto para produzir e reproduzir vida.
Então, é nossa obrigação manter a floresta em pé. É uma exigência da humanidade, porque ela pertence a todos, embora gerenciada por nós . O equilíbrio climático da Terra e a suficiência de água para a humanidade passa pela floresta amazônica. É ela que sequestra carbono, nos devolve em oxigênio, em flores, frutos e biomassa.
Por isso temos que manter nossas matas ciliares para garantir a perpetuidade dos rios e a preservação da pegada hidrológica (o quanto de água temos a nossa disposição). É imperioso não envenenar os solos pois os agrotóxicos alcançam o nível freático das águas, caem nos rios, penetram nos animais pelos alimentos quimicalizamos e acabam se depositando dentro de nossas células, nos intoxicando lentamente.
A luta é pela vida, pelo futuro da humanidade e pela preservação da Mãe Terra. Vamos sim produzir, mas respeitando o alcance e o limite de cada ecossistema, os ciclos da natureza e cuidando dos bens e serviços que Mãe Terra gratuita e permanentemente nos dá.
Que devolvemos à Terra como forma de gratidão e de compensação? Nada. Só agressão, exaustão de seus bens. Estamos conduzindo, todos juntos, uma guerra total contra a Terra. E não temos nenhuma chance de ganharmos essa guerra. Temo que a Mãe Terra se canse de nós e não nos queira mais hospedar aqui. Ela poderá nos eliminar como eliminamos uma célula cancerígena. Devemos devolver seus benefícios, com cuidado, respeito, veneração para que ela se sinta mãe amada e protegida e nos continue a querer como filhos e filhas queridos.
Mas não foi a devastação que fomos criados e estamos sobre esse ridente Planeta. Somos chamados a ser os cuidadores, os guardiães desta herança sagrada que o Universo e Deus nos entregaram. E vamos sim salvar a vida, proteger a Terra e garantir um futuro comum, bom para todos os humanos e para a toda a comunidade de vida, para as plantas, para os animais, para os demais seres da criação.
A vida é chamada para a vida e não para a doença e para morte. Não permitiremos que um Código Florestal mal intencionado ponha em risco nosso futuro e o futuro de nossos filhos, filhas e netos. Queremos que eles nos abençoem por aquilo que tivermos feito de bom para a vida e para a Mãe Terra e não tenham motivos para nos amaldiçoar por aquilo que deixamos de fazer e podíamos ter feito e não fizemos.
O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de transformações nesse Código que modificado honrará a vida e alegrará a grande, boa e generosa Mãe Terra.

Leonardo Boff
fonte: http://www.mst.org.br/node/11760 em 18.05.2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Big Brother Brasil



Tomo a liberdade de publicar um texto do Padre Luiz Antônio Bento, assessor nacional da Comissão Vida e Família da CNBB e padre da arquidiocese de Maringá-PR.

O jornalista Luiz Fernando Veríssimo assim começa uma de suas crônicas sobre o “BBB”: “Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...”

De fato, o BBB conseguiu chegar ao nível mais baixo do que se poderia imaginar, isto é, popularizar o relativismo, o individualismo, o utilitarismo, o “vale tudo”. O BBB valoriza a superficialidade, o mau gosto, manipula telespectadores como meras cifras das quais esperam vantagens.
Nós podemos evitar que lixos como os disseminados pelo BBB entrem em nossas casas e poluam as nossas famílias. Depende de nós! Devemos nos perguntar seriamente: É isso que queremos para nossas crianças e jovens? Que futuro estamos preparando para as novas gerações? Como acompanhar seus processos pessoais? Como educá-los? Com que pedagogia? Como orientá-los para viver com dignidade e em plenitude?
Os meios de comunicação social investem grande parte de seu tempo e dinheiro para entreter a sociedade e não dá às pessoas uma resposta adequada das suas profundas perguntas, ao contrário, aumenta a sua ansiedade por não encontrar ali o autêntico sentido da vida. Não apenas invadem o âmbito familiar, mas também interrompe a transmissão de valores, “os meios de comunicação invadiram todos os espaços e todas as conversas, introduzindo-se também na intimidade do lar” (Documento de Aparecida, n. 39).
A responsabilidade dos meios de comunicação social é oferecer às pessoas o acesso à literatura, ao teatro, à música e às artes, promover o desenvolvimento no que diz respeito à ciência, à sabedoria e à beleza, informações úteis que possibilitem que as famílias se reúnam, ajudar as pessoas a resolverem os seus problemas cotidianos, animar os doentes, idosos, pessoas inválidas, aliviar as fadigas da vida, transmitir valores às novas gerações.
Os meios de comunicação social não podem ser usados para prejudicar o bem integral das pessoas como tem prestado descaradamente o BBB. O BBB é um programa típico que intenta atrair as pessoas para a perversão, destrói valores já consagrados ao longo dos séculos, fomenta a hostilidade e o conflito. O BBB apresenta a mentira numa luz fascinante, como se fosse verdade e a verdade como se fosse mentira; promove a banalização, difunde informações desinformadas, promove a rivalidade desleal e prepara o campo para o conflito.
Cabe à comunidade política, aos Poderes constituídos legitimamente, o dever de proteger a família, garantir-lhe a segurança, sobretudo em relação aos perigos da pornografia exacerbada como as que são propagadas pelo BBB. Por outro lado, é fundamental que o pai e a mãe intensifiquem um firme propósito de diálogo com seus filhos.
O Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, em Ética nas Comunicações Sociais, enfatiza que os mass media influem vigorosamente os modelos populares e, assim, têm o grave dever de elevá-los, não de degradá-los. Portanto, a comunicação deve ser sincera, dado que a verdade é essencial para a liberdade individual e para a autêntica comunidade entre as pessoas.
Da mesma forma que inicio, concluo com as palavras do mesmo jornalista: “Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade”.

Pe. Luiz Antonio Bento



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Liturgia Diária - reflexão - segunda-feira 07/02

O texto da primeira leitura de hoje é uma das narrações da criação.
Mostra a palavra criadora de Deus: Ele diz e tudo se faz.
Ao longo da história do povo de Deus outras manifestações de Deus continuarão a dar testemunho que o que Ele diz, sua palavra, tem força geradora de vida.
Precisamos recuperar em nível pessoal e comunitário esta força da Palavra.
O que ele disse no passado continua a ressoar ainda hoje cada vez que abirmos nossos ouvidos para acolher a palavra proclamada.
Precisamos dar mais crédito a tudo o que ouvimos Dele. Só assim iremos perceber o quanto a força criadora de Deus continua agindo em nossas vidas.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Liturgia Diária - reflexão - Terça-feira


"Quem crer e for batizado será salvo".
Este trecho do Evangelho de Marcos lido nesta festa da conversão de São Paulo não deixa de ser intrigante.
Após enviar os discipulos em missão Jesus aponta para as consequências desta missão.
Ao enviado cabe anunciar, ao que recebe cabe acolher.
O batismo é uma consequência da adesão a Jesus.
Hoje nos damos conta que, embora batizados, muitos não aderiram ao projeto de Jesus.
Estamos tentando consertar este equívoco, mas sem a acolhida de cada um isso não será possível.
Cada vez mais somos um agrupamento de batizados que não creem. Que contradição!
E não basta dizer "eu acredito". Jesus disse que alguns sinais acompanhariam os que acreditassem no anúncio. Portanto, quem cre dá testemunho através de uma vida coerente com a fé que possui.
Ele falou: "nem só quem diz 'Senhor, Senhor' entrará no Reino dos céus. Mas aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está no céu."
Eis aí a resposta.
Paulo foi alguém que recebeu o anúncio. Acreditou. Deu testemunho até a entrega da própria vida em nome de sua fé.
O que estamos dispostos a entregar pela nossa fé em Jesus e seu Reino?

Liturgia Diária - reflexão - segunda-feira

É demais para os fariseus pensar que aquele homem do povão pudesse fazer coisas que só caberiam ao Messias. Daí sua incredulidade. Esse pessismo os leva a negar o que os sentidos mostram. Então era necessário arrumar uma desculpa, racionalizar: "ele faz essas coisas em nome do príncipe dos demônios."
Não é difícil para Jesus derrubar essa argumentação. E o faz com verdadeira maestria e lógica.
Quando não queremos acreditar na possibilidade de algo, geralmente fazemos a mesma coisa que os fariseus: usamos a negação. "esse mundo nunca será melhor!"; "as pessoas nunca mudarão!"; "o povo é ignorante mesmo!"; "pra que rezar se Deus não me ouve?"; e assim por dinate.
Ao fazermos isso nos esquecemos que todo processo de mudança em nós, nos outros ou na humanidade começa justamente... em nós!
Se não acreditamos, como poderemos?
Se um atleta não acreditar na possibilidade de vitória nem começará a treinar.
Se o músico não acreditar que conseguirá dominar o instrumento, desistirá da idéia antes de começar.
Assim também, nossas ações. O bem que desejamos para o mundo devemos começar a praticá-lo nós mesmos. É assim que as coisas começam a mudar. Começando por nós.
Se os fariseus tivessem acolhido melhor a proposta de Jesus, se tivessem deixado os preconceitos de lado, perceberiam o quanto o Messias estava próximo deles. Enfim, perderam a oportunidade.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Liturgia Diária - reflexão - Sábado

Não foi a primeira nem seria a última vez que chamariam Jesus de louco.
Seus familiares não conseguiam acolher o jeito diferente que Jesus tinha para falar de Deus.
Estavam habituados com a rotina. Não que por isso estivessem longe de Deus. Mas tão acostumados ao mesmo que a novidade que Jesus apresentava lhes escapava à compreensão.
Conta uma história que um homem foi internado em uma clínica de loucos mesmo não o sendo.
No horário de tomar sol todos se dirigiam ao pátio e ficavam circulando em volta de um mastro colocado no centro. Este último, vendo que todos giravam na mesma direção resolveu girar na direção contrária para mostrar que era o único que ainda possuía o uso da razão. Os outros, vendo aquilo, logo exclamaram: "Vejam aquele louco! É o único que gira na direção contrária!"
Em um mundo de tantas novidades e mudanças globalizadas girar na direção contrária pode ser sinal de loucura. Ainda mais se for por causa de Jesus Cristo e seu Evangelho.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Liturgia Diária - reflexão - Sexta-feira

"Jesus subiu a montanha e chamou os que ele quis; e foram a ele." Mc 3,12.
Jesus continua chamando todos a si. Pois foi para isso que Ele foi enviado: para reunir em si todos os povos.
Isso quer dizer que cada um de nós foi escolhido por Ele que nos chama para também estarmos com Ele.
Jesus faz sua parte. Porém espera nossa resposta. Marcos diz que os que Ele chamou foram a Ele.
Ou seja, decidiram-se por Ele. Decidiram estar com Ele porque foram chamados para isso.
Mas essa é a primeira parte da história. O relato continua e diz que depois Jesus envia aqueles que chamou. Nós fazemos o encontro com Jesus para sabermos dele qual é nossa missão. Somos discípulos-missionários.
Fortalecemo-nos no encontro com Ele para irmos em missão falando dele.
Portanto, o encontro com o Cristo Ressuscitado não é um encontro que nos leva a alienação, a acomodação, a querermos construir tendas porque é bom estar ali. É preciso descer a montanha e testemunhar a força do ressuscitado lá onde estão os outros.

Liturgia Diária - reflexão - Quinta Feira

As pessoas procuravam Jesus porque "ouviram dizer quanta coisa ele fazia".
É comum que uma boa publicidade nos atraia.
Quando por exemplo, precisamos de um médico, geralmente pedimos referências para alguém que já tenha sido consultado por ele. Se as coisas que disserem forem boas nos sentimos mais seguros em ir até esse médico. Mas não basta isso para que ele passe a ser considerado bom também por nós.
É preciso que a nossa experiência com ele tenha sido boa, ou seja, que também tenhamos nos sentido bem atendidos.
Assim acontecia com Jesus. Além de ouvirem falar Dele as pessoas queriam experimentar o encontro com Ele e sentirem-se transformadas a partir deste encontro.
Muitas pessoas hoje continuam a ouvir falar das grandes coisas que Jesus realizou e continua realizando.
Mas uma verdadeira experiência com Ele depende também da nossa iniciativa em procurá-lo.
Não basta ouvir falar dele. É preciso fazer uma experiência de encontro pessoal com Ele para experimentar as grandes coisas que Ele pode realizar também em nossas vidas.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Liturgia Diária - reflexão -Quarta-feira


"É permitido fazer o bem ou fazer o mal em dia de sábado?"
Esta pergunta inquientante de Jesus aos fariseus na sinagoga diante da possibilidade de curar um doente continua muito atual.
Quantas vezes nos esquivamos de fazer o bem, praticar a justiça, viver o amor tomando como motivação as mais variadas e descabidas desculpas.
Assim como os fariseus do Evangelho que estavam cegos por uma prática superficial da lei nós nos deixamos cegar por uma onda de consumismo, ambição desmedida e hedonismo que nos impedem de ver as necessidades alheias.
É verdade que nos sentimos comovidos e solidários nestes dias com as pessoas que sofrem as consequências das enchentes ou da seca.
Mas a caridade, a bondade, a justiça, devemos vivê-las todos os dias mesmo quando não nos pedem. Esses valores são vividos na gratuidade.
Precisaremos agora de leis para nos obrigar a viver o amor? Jesus já as deixou para nós faz dois mil anos: "Amem-se como eu amei vocês!"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Liturgia Diária - reflexão

Mais uma vez nossa reflexão gira em torno da vivência da Lei.
O sábado era para o judeu uma instituição divina. Portanto, sagrada.
Ninguém poderia deixar de respeitar as normas em relação a essa instituição.
Ora, a atitude de Jesus não poderia ser diferente daquela que encontramos no Evangelho de hoje. O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.
Mais uma vez Jesus confirma sua prática: a pessoa em primeiro lugar e depois a lei. Mesmo que esta Lei seja a lei religiosa  vivida e ensinada desde muitas gerações.
Mas atenção: Jesus muitas vezes foi à sinagoga em dia de sábado. Isto quer dizer que ele sabia do valor do sábado dentro de sua cultura. Não era um deixar pra lá por nada ou por conveniência pessoal.
Por a Lei em segundo plano sempre estava em vista de fazer valer a diginidade humana.
Deveríamos nos perguntar: como vivemos as orientações que recebemos das instituições que participamos? Procuramos ver o valor que elas apontam ou as vivemos segundo nossas conveniências?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Liturgia Diária - reflexão

Diante da atitude livre de Jesus em relação à lei, muitos entram em conflito com ele.
Jesus não desprezava os costumes de seu povo. Ao contrário. Afirmou que tudo o que a Lei continha deveria servir para  aproximar o homem de Deus e os homens entre si. A questão é que aos poucos o valor da Lei e o valor da pessoa mudaram suas posições. Sempre que uma lei ocupa um lugar mais importante que o valor e dignidade de uma pessoa alguma coisa está errada. E foi isso que Jesus aprendeu e ensinou.
Por isso, naquele momento, não havia importância se seus discípulos jejuavam ou não. Chegaria o tempo que eles compreenderiam o valor da Lei em suas vidas. Chegaria o tempo em que eles aprenderiam o valor da dignidade humana em suas vidas. E se fosse preciso abrir mão de suas próprias para mostrar o valor da vida dos outros, o fariam.
Jesus nos ensina hoje que tudo o que põe em primeiro lugar a pessoa e sua dignidade merece ser seguido. E se não leva a essa mudança, no mínimo, merece ser revisto.