terça-feira, 29 de maio de 2012

A cegueira da justiça


Não resisti e preciso comentar: li hj pela manhã que uma das comissões responsáveis pela revisão do Código Penal propôs criminalizar procedimentos médicos feitos contra a vontade do paciente mesmo que seja para salvar sua vida. Isso foi feito atendendo a um pedido dos membros da Comunidade dos Testemunhas de Jeová (só para lembrar: eles não aceitam transfusão de sangue mesmo que que seja para salvar o paciente). Vejam só: por outro lado uma dessas comissões está propondo descriminalizar o aborto e a eutanásia!!! Se a Igreja Católica insiste em dizer que aborto e eutanásia são crimes, essas mesmas comissões, orientadas por grupos pró-aborto dizem que o Estado é laico, que a igreja não deve se meter, que a mulher é dona de seu corpo, ou como se lê em um cartaz da 'marcha das vadias', "o útero é meu" e assim por diante. Afinal: qual o conceito de vida humana e dignidade está orientando os membros dessas comissões? Qual a capacidade real dessas pessoas em revisar ou formular leis? Qual critério ético é usado para a tomada de decisões? isso se há critério ético... Enfim, não sei onde vamos parar!!!!!!!!!!!!!"

sábado, 26 de maio de 2012

Pai Dispensável - por padre Orivaldo Robles


Ao discutir com um matuto mineiro, o cidadão de um Estado famoso por seus numerosos valentões ameaçou: “Saiba que eu venho de uma terra que só tem macho!” Com a fala macia e a paciência de costume, o mineiro respondeu: “Pois no lugar onde eu fui criado, sô, metade do povo é homem e metade é mulher. E a gente gosta. Ninguém nunca reclamou”.  
Não vou me referir à marcha para Jesus nem à parada gay do último final de semana em nossa cidade. Como veem, estamos virando cidade grande: já imitamos São Paulo. O que pretendo é apenas dar um pitaco sobre matéria publicada, dia 13 de maio, Dia das Mães, no nosso principal matutino, a respeito de mulheres que se tornaram mães sem a presença dos pais de seus filhos. Já preparei o lombo para as bordoadas que certamente vou receber. É a vida. Opinião católica em jornal laico é risco certo de espinafração.
 Disse o texto que em nossa cidade as “mães solteiras respondem por 40% dos nascimentos” de crianças tidas em hospital. O número é inferior ao do índice estadual, que no Paraná chega a 54,4%. No Brasil o percentual de mulheres solteiras que dão à luz atinge 61,6%. São dados do Sisnav – Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, referentes a 2010. Imagino que a soma das mães solteiras movidas por independência econômica seja inferior à daquelas que engravidaram “por acidente” – as duas razões aduzidas na matéria. O número escasso de entidades destinadas ao acolhimento de mães jovens em situação de risco – assim como a facilmente verificável quantidade de adolescentes grávidas – não deixa margem a dúvidas. Eis um problema social inquietante.
Servindo-se da comparação autorizada pelas cifras apresentadas, o jornal assegurava que Maringá “ainda pode ser considerada uma cidade conservadora”. Causou-me surpresa o vocábulo empregado. As palavras revelam muito da forma de pensar de quem fala. É certo que não veio afirmado com todas as letras, mas veladamente deu a entender que Maringá ainda não atingiu o progresso do Paraná nem do Brasil. Para a maioria das pessoas é preferível ser progressista a ser conservador. Conservador é visto como representante de posições ultrapassadas. Progressista, ao contrário, é alguém voltado às inovações do progresso.  
Por que desprezar a família? Porque a Igreja a defende? Ora, a ONU não é nenhuma instituição religiosa e faz o mesmo. Foi a ONU que proclamou 1994 como Ano Internacional da Família, e 15 de maio como Dia Internacional da Família. Mais: reconheceu-a como "pequena democracia no coração da sociedade". A mensagem para 2012 do Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon, defende a família dos desafios do mundo do trabalho, na atual crise econômica e financeira. Diz: “Congratulo-me pelo estabelecimento de locais de trabalho favoráveis à família, através de disposições de licença parental, regimes de trabalho flexíveis e de melhor cuidado com os filhos”.
Propostas “moderninhas” serão mesmo, como tão facilmente se proclama, melhores do que o “conservador” modelo de pai, mãe e filhos estavelmente unidos? Que solidez oferecem invencionices conflitantes com o que a natureza estabeleceu? Sei não. Mais prudente me parece confiar no tino do matuto mineiro. Que, neste caso, poderia ser parafraseado assim: “Onde eu fui criado, sô, o nenê nasce de mãe e pai unidos em família. E a gente gosta. Ninguém nunca reclamou”.  

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Comunicação para a Comunhão - por Dom Demétrio Valentini


Neste domingo a Igreja no Brasil celebra a Ascensão do Senhor. A data seria na quinta-feira. Mas para facilitar, a Igreja coloca a celebração no domingo subsequente. Não para diminuir sua importância, mas para ressaltá-la.
Vem se firmando uma tradição, ainda recente, de vincular a Ascensão com a comunicação. Para a Igreja, este domingo é o Dia Mundial das Comunicações.
Não é preciso muito artifício para justificar esta vinculação. Acontece que foi no dia da Ascensão que Jesus enviou sues apóstolos, para que fossem ao mundo inteiro anunciar a Boa Notícia que tinham vivido e testemunhado.
Dizemos de maneira tradicional que, naquele dia Jesus transformou seus discípulos em missionários. Poderíamos agora dizer, em termos de comunicação, que naquele dia Jesus transformou seus seguidores em repórteres da maior agência de notícias, que era o projeto divino de salvação, onde o Cristo tinha se envolvido por inteiro, e onde passava a engajar os que tinham estagiado com ele durante três anos.
A missão confiada aos apóstolos continua até hoje. Com uma importante diferença. Os repórteres atuais de Cristo, dispõem de muito mais recursos técnicos, que podem ser colocados ao serviço de suas reportagens, ampliando enormemente sua repercussão.
Dá para imaginar o que faria São Paulo se dispusesse de uma emissora de rádio, ou de um canal de televisão. Como se atreveu a falar no areópago de Atenas, com certeza iria se valer do microfone para ampliar sua mensagem.
Hoje assistimos a um frenético crescimento dos meios de comunicação, que, pelo visto, farão do celular a referência prática para capturar os destinatários. Neste rápido crescimento de possibilidades, permanece o grande desafio: como utilizar estes meios a serviço da verdadeira comunicação?
Os inícios do Concílio Vaticano II coincidiram com os inícios da conquista espacial. Naquela época nem se podia imaginar que a verdadeira conquista, não seria chegar à lua ou a outros planetas. Mas seria, isto sim, conquistar a terra e enredá-la com infindas mensagens instantâneas.
No seu discurso de abertura do Concílio, de maneira profética, João 23 já estava intuindo que, mesmo sem querer, o progresso iria provocar benefícios insuspeitados para a humanidade.
Disse ele: "No presente momento histórico, a Providência está-nos levando para uma nova ordem de relações humanas, que, por obra dos homens e o mais das vezes para além do que eles esperam, se dirigem para o cumprimento de desígnios superiores e inesperados”.
Foi o que aconteceu com a corrida espacial. No início da década de 60, o Presidente Kennedy lançou aos americanos o desafio de chegar na lua dentro daquela década. E chegaram, em 1969. Mas não imaginavam que a grande vantagem dos satélites lançados ao espaço seria revolucionar por completo os meios de comunicação, valendo-se dos satélites, que agora as parabólicas sintonizam sem problemas.
Lembro bem os limites da comunicação antes dos satélites. Em 1962, ano da abertura do Concílio, se realizava no Chile a copa do mundo. Nós estávamos em Roma. A grande façanha da televisão europeia era garantir que, 48 horas depois de terminado um jogo no Chile, as imagens da partida estariam sendo divulgadas na Europa!
A moderna tecnologia oferece tantas possibilidades. Como colocá-las a serviço da humanidade? Eis a questão!