sábado, 30 de outubro de 2010

31º Domingo do Tempo Comum: ZAQUEU: HOJE A SALVAÇÃO ENTROU NESTA CASA


ZAQUEU: HOJE A SALVAÇÃO ENTROU NESTA CASA

Frei Jacir de Freitas Farias, ofm

I. INTRODUÇÃO GERAL

No domingo anterior, dia mundial das missões, refletíamos sobre a importância de se levar a salvação a todos, por ser essa a missão do cristão. Retomando esse princípio, a comunidade lucana guardou na memória um dos mais belos episódios na vida do missionário Jesus de Nazaré, a história de Zaqueu, um chefe dos publicanos, aqueles que cobravam impostos. Como Zaqueu, que deixou tudo para seguir Jesus, somos convocados a uma conversão em todos os âmbitos de nossa vida.

Dando continuidade à missão evangelizadora, veremos hoje a importância da fé e da conversão, elementos essenciais para viver o chamado de Deus, seja como judeu, seja como cristão. Deus e Jesus agem com misericórdia diante de todos aqueles que se arrependem. Eles tudo podem, por isso podem mudar o mundo e até mesmo chamar um pecador que não era digno de salvação. A salvação é universal e entra na casa de cada um, rico ou pobre, judeu ou grego. “Hoje a salvação entrou nesta casa”, veremos no evangelho. A casa é a grande economia do mundo. Economia que deve estar a serviço da vida.

II. COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Sb 11,22-12,2): Deus tudo pode e tudo perdoa

A primeira leitura de hoje é uma reflexão sobre Deus e sua misericórdia infinita. Deus tudo pode e, por isso, tem compaixão de justos e injustos. Ele tem o poder de perdoar. Amor e perdão caminham juntos na visão sapiencial israelita.

Por amor, Deus criou tudo. É como um casal que gera seus filhos por amor e, por amor, os educa e os perdoa sempre. Deus a todos perdoa, porque eles são seus. Deus é o Senhor amigo da vida! (v. 26). Deus corrige os pecadores, lembrando-os das faltas, de modo que se afastem do mal e creiam nele. A fé é condição essencial para encontrar a salvação, por meio de uma mudança de vida. Essas atitudes nos colocam no caminho que leva a Deus.

A visão de Deus, o amigo da vida (v. 26), que tudo pode e tudo perdoa, da primeira leitura de hoje, era conhecida também pelos gregos. Outros textos bíblicos iluminam esse modo de entender Deus: “Eles confiam em armas e em seus atos de audácia, enquanto nós depositamos nossa confiança no Deus Todo-poderoso, que bem pode, com um único aceno, abater os que marcham contra nós, e mesmo o mundo inteiro!” (2Mc 8,18). Uma das diferenças da sabedoria bíblica, que javeizou a dos povos vizinhos, consiste no fato do Deus de Israel ser único, misericordioso e possuir uma proposta de salvação universal. O poder de Deus é compassivo. É o que veremos no evangelho de hoje, na história de Zaqueu.

2. Evangelho (Lc 19,1-10): Zaqueu, o rico que ficou pobre por praticar a justiça e professar a fé em Jesus

A grande viagem lucana do missionário Jesus já se aproximava do fim. Jesus se encontrava na cidade de Jericó, a 30 km de Jerusalém, seu objetivo final.

Jericó existe ainda hoje e pertence ao território palestino. A sua população é muito pobre. Apesar de situar-se em uma região de clima árido, Jericó possui abundantes mananciais, como um oásis, e plantações. Localizada a sudeste do vale do Jordão, no cruzamento das estradas de Jerusalém a Beitt Shean – a zona leste do Jordão –, Jericó é a cidade mais velha do mundo, com mais de oito mil anos de história, sendo povoada desde a Idade da Pedra. Ainda se podem ver restos arqueológicos de uma de suas portas. Josué a conquistou, destruindo seus muros. No período romano, Herodes, o Grande, fez construir nela palácios, piscinas e aquedutos para distribuir a água, vinda de Jerusalém, para casas e palácios. Herodes viveu os seus últimos dias de vida em Jericó, quando pediu para matar muitas pessoas no dia de sua morte, de modo que houvesse, naquele dia, um luto generalizado.

Em Jericó, havia um homem de pequena estatura, chamado Zaqueu. Por causa da multidão que acorria para ver Jesus, ele saiu correndo à frente e subiu numa árvore, um sicômoro, por onde, certamente, Jesus iria passar. Ao entrar em Jericó, Jesus viu Zaqueu, que estava sobre a árvore e lhe disse para descer porque iria hospedar-se em sua casa. Naquele momento, o cobrador de impostos foi chamado a ser seu discípulo. Zaqueu queria ver Jesus, mas é Jesus quem o vê. Para o judeu, o crer consistia no ouvir, interpretar; para o cristão, o ver. Por isso, os milagres de Jesus comprovavam a eficácia de sua ação.

Zaqueu, nome que significa Deus se recorda ou também aquele que é puro, dependendo da etimologia, era um rico e odiado chefe dos cobradores de impostos. Um parceiro dos romanos na exploração do povo. Os judeus não gostavam dos compatriotas que assumiam tal função. Eles os viam como infiéis à Lei e, por isso, os consideravam pagãos e impuros.

Jesus diz a Zaqueu que iria se hospedar, entrar na sua casa. O substantivo casa vem do grego, oikos, e significa a casa do mundo e de cada ser humano no seu próprio corpo e no lugar onde ele habita. Oikos é a casa natal. Casa é invólucro de cada um de nós, a construção material onde ocorrem relações sociais e econômicas em função de uma família. Quanto melhor estiverem organizadas essas relações, melhor será a vida familiar. Os gregos, ao mencionar a casa, falam das relações econômicas domésticas, caseiras, que gerenciam a casa. E é daí que vem um outro termo grego, oikonomia, que significa a lei (nomos) que rege a casa (oikos), isto é, economia (Jacir de Freitas Faria, Economia e vida na casa da Bíblia, Vida Pastoral, 271, São Paulo: Paulus, 2010, p. 3-10).

A função primeira de Zaqueu era cuidar da economia, do dinheiro do povo, que seria enviado para os romanos. Jesus, ao convidá-lo para ser o seu discípulo, estava ensinando que toda a economia que não estiver a serviço da vida não é querida por Deus. E Zaqueu logo compreendeu o sentido do chamado, ao afirmar que daria a metade dos seus bens para os pobres, bem como restituiria em quádruplo àqueles que ele defraudara. Desse modo, Zaqueu se declara um ladrão público.

Os fariseus estavam preocupados com o fato de Jesus comer na casa de um pecador. E Jesus, de forma categórica, afirma que a salvação tinha entrado naquela casa e que Zaqueu era também filho de Abraão, como eles, os fariseus. A salvação é para todos os povos, todos que acreditam na proposta de Jesus e se convertem, como Zaqueu.

Jesus determina o tempo da salvação na casa, hoje. O uso desse advérbio quer determinar o momento histórico-salvífico escatológico. Em Jesus se cumpre o hoje da salvação. O fato de Zaqueu dirigir-se a Jesus com o título de Senhor, em grego, Kyrie, quer dizer que se trata do Jesus glorificado do tempo pós-pascal. Com a conversão de Zaqueu, a comunidade lucana esperava que outros ricos seguissem o mesmo caminho. Zaqueu é modelo de cristão que se converte e aceita a salvação, firmando um compromisso de fé, independente de sua condição social, e colocando sua economia a serviço da vida. Zaqueu é o rico que ficou pobre por praticar a justiça e professar a fé em Jesus. Deus se alegra com a conversão dos Zaqueus. A salvação é universal.

3. II leitura (2Ts 1,11-2,2): Cristãos, vivei a fé que glorifica o nome do Senhor Jesus e mantende a serenidade de espírito

À cara comunidade de Tessalônica, Paulo demonstra um carinho especial. Ele pede a Deus que ajude a comunidade a permanecer na fé e na realização da vocação a que ela foi chamada.

Nessa carta, Paulo trata de dois únicos temas: a vivência da fé da comunidade que glorificará o nome do Senhor Jesus e a serenidade que a comunidade deve ter diante de falsas palavras proféticas sobre a vinda iminente do Senhor Jesus Cristo. Em relação ao último ponto, Paulo afirma que não lhes enviou uma suposta carta sobre o proceder da comunidade em relação à vinda de Jesus. Esperando a parusia, alguns já tinham até deixado de trabalhar (3,10).

Os tessalonicenses são chamados a viver a fé, já e agora, por meio de obras que glorifiquem o Senhor Jesus pela graça de Deus. Não se pode ficar esperando pela parusia e nada fazer. A serenidade de espírito é fundamental no cristão. “Não percais a serenidade de espírito e não vos perturbeis” (2,2). Jesus virá, mas quando Deus decidir. É preciso esperar com paciência e fé e não se deixar ser enganado.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Chamar a atenção para a vivência da fé a exemplo de Zaqueu que se converteu, colocando seus bens a serviço da vida. Ser cristão é saber que em Deus tudo podemos. Ele perdoa. Até o mais corrupto dos corruptos pode encontrar a salvação. Demonstrar que o rico, assim como Zaqueu, pode encontrar a salvação, desde que faça opção pela divisão dos bens.

Perguntar pelas atitudes de vida que nos permitem deixar a salvação trazida por Jesus entrar em nossa casa. Reforçar a ideia do já e o ainda não do Reino.

Chamar a atenção para o fato de que nenhum tipo de fé ou religião pode atrelar as pessoas a promessas que não podem se realizar ou que se realizarão conforme a decisão de Deus. Jesus voltará, mas não com palavras infundadas.

Fonte: http://www.paulus.com.br/

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Homens de Deus

Trailer em italiano do filme “Homens de Deus”, baseado em fatos reais. Conta a história de sete monges trapistas assassinados em 1994 na Algéria.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Carta de intenções da candidata Dilma Roussef às(os) cristãs(os) brasileiros

Dirijo-me mais uma vez a vocês, com o carinho e o respeito que merecem os que sonham com um Brasil cada vez mais perto da premissa do Evangelho de desejar ao próximo o que queremos para nós mesmos. É com esta convicção que resolvi pôr um fim definitivo à campanha de calúnias e boatos espalhados por meus adversários eleitorais. Para não permitir que prevaleça a mentira como arma em busca de votos, em nome da verdade quero reafirmar:

1. Defendo a convivência entre as diferentes religiões e a liberdade religiosa, assegurada pela Constituição Federal;
2. Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto;
3. Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País.
4. O PNDH3 é uma ampla carta de intenções, que incorporou itens do programa anterior. Está sendo revisto e, se eleita, não pretendo promover nenhuma iniciativa que afronte a família;
5. Com relação ao PLC 122, caso aprovado no Senado, onde tramita atualmente, será sancionado em meu futuro governo nos artigos que não violem a liberdade de crença, culto e expressão e demais garantias constitucionais individuais existentes no Brasil;
6. Se Deus quiser e o povo brasileiro me der, a oportunidade de presidir o País, pretendo editar leis e desenvolver programas que tenham a família como foco principal, a exemplo do Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e tantos outros que resgatam a cidadania e a dignidade humana.

Com estes esclarecimentos, espero contar com vocês para deter a sórdida campanha de calúnias contra mim orquestrada. Não podemos permitir que a mentira se converta em fonte de benefícios eleitorais para aqueles que não têm escrúpulos de manipular a fé e a religião tão respeitada por todos nós. Minha campanha é pela vida, pela paz, pela justiça social, pelo respeito, pela prosperidade e pela convivência entre todas as pessoas.