sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Cristo, Luz do mundo



“O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1)


Na Igreja da Natividade em Belém-Palestina, no local onde acredita-se tenha sido a gruta da natividade, os padres responsáveis pelo local mantêm uma vela acesa permanentemente.
Conta a história que um jovem de um país distante da Palestina resolveu ir até o local da gruta e ali acender uma chama para trazer às pessoas de sua comunidade e assim todos poderem celebrar o Natal com uma vela acesa naquela chama que o jovem trouxera de Belém.
Porém a empreitada não foi nada fácil. Cruzando a pé longos percursos através de estradas desertas e perigosas, montanhas e desfiladeiros, chuva, ventos, nevascas o jovem conseguiu chegar até Belém. Ali acendeu uma tocha e fez o caminho de volta pra casa. E mais uma vez a jornada não foi fácil. Desta vez foi pior ainda porque ele tinha que manter aquela tocha acesa a todo custo se quisesse que a luz de Belém chegasse até seus irmãos e irmãs na comunidade.
Mas depois de passar por todo tipo de dificuldades e percalços conseguiu chegar em casa mantendo acesa a chama que trouxera de Belém. E assim toda a sua comunidade pode celebrar o Natal com a chama de Belém acesa em suas casas.
Isto, que não passa de uma história, pode significar muito bem o sentido do Natal para cada cristão.
Também nós no dia do nosso Batismo nos tornamos responsáveis em manter a chama da fé, a luz de Cristo, acesa em nossas vidas. E este não é um compromisso fácil. Tantos são os percalços que precisamos superar para manter a luz de Cristo acesa em nós.
Quantas vezes nos sentimos desanimados em viver os valores do reino de Deus. As propostas de um mundo, nem sempre justo para com todos, parecem ser mais sedutoras e fáceis. Quantas vezes parecem nos dizer “para quê todo esse esforço, para quê tantas renúncias e sacrifícios, por que ser diferente dos outros, todo mundo faz você também pode fazer...” E nos deixamos seduzir...
Porém, ao final, nasce a desilusão, o arrependimento, o vazio... E o desejo de encontrar a felicidade, de preencher aquele vazio interior continua.
Somente quando percebermos que Deus pode nos dar a felicidade duradoura, a força para enfrentar as dificuldades, o discernimento para fazer as escolhas, então sim, estaremos vivendo o verdadeiro sentido do Natal. Porque uma luz brilhou nas trevas, um filho nos foi dado...e seu nome é Emanuel, Deus-Conosco.
E nós somos chamados a ser portadores desta luz que ilumina todas as trevas. Assim como o jovem da nossa história, devemos ser fortes para não deixar se apagar a chama da fé. E que possamos levar essa chama em todos os lugares por onde formos. Que sejamos verdadeiros missionários e discípulos de Jesus Cristo para que o mundo tenha mais vida.


Um comentário:

ideringer disse...

Certa vez, há muito tempo, não consigo mais me lembrar de data precisa, mas da ocorrência, sim. Foi por ocasião do meu Cursilho, na cidade de Campo Mourão (eu morava em outra cidade pertencente a essa diocese), provavelmente nos idos anos entre 1976 e 1979. Lembro-me, ainda hoje, de tudo daquela maravilhosa catequese. (Jorraram emoções, choros e lágrimas, arrependimentos, saudades, perdões, esperanças, alegrias e tudo, enfim, o que mais se precisava para preencher e alcançar a objetividade do premeditado e sutil enredo de convertimento, preparado para aquele período de profundo recolhimento às coisas de Deus. Os palestrantes sobravam naquilo que diziam. Ação pura e legítima do Espírito Santo! Ao final de cada dia éramos, todos, como toalhas encharcadas. Apertar e torcer. Era um riacho.) Abria-se para mim um mundo jamais imaginável, inalcançável diante da rude doutrina cristã que tinha. Roceiro, apenas sabia que Deus era o nosso Pai e que Ele me autorizava a chamá-lo, lá da roça, quando quisesse, para atender às minhas dificuldades, tipo, ai meu Deus..., ó meu Pai e agora? Quase não saia disso, a toda hora, sempre. Mas tudo bem. Chegar até ao Cursilho, talvez tenha sido por um caminho também tortuoso, trilhado à beira de desfiladeiros, de escuridões, igual, talvez, ao do jovem rapaz da história, só que com uma diferença: não era movido por uma vontade própria, mas guindado por misteriosa força que nem discernimento tinha para desconfiar sobre o que iria acontecer na minha vida. Não sabia, de jeito nenhum, que estava indo buscar uma tocha. Antes de vê-la acesa no meu peito, vi quem a acendeu, cara-a-cara comigo, de frente pra mim, do sacrário direto para o meu coração, via meus olhos: Jesus vivo, incandescente, brilhante, irradiante, nos últimos momentos, na hora da despedida, no último dia do encontro. Foi demais. Juro, não me contive. Debrucei-me em prantos. Estava acesa a tocha para eu trazê-la de volta. Caminhos pedregosos e intempéries seriam, com certeza, protagonistas de uma nova jornada. Os anos se passaram. A tocha não se apagou. Mas no meu interior não era mais tão resplandecente como naqueles dias pós cursilho, de volta às minhas coisas normais. Estamos em 2009. Há cinco voltei para dentro do meu coração só para dar uma espiada na tocha. Era um fio de luz que tinha. Ao lado uma placa de “conversão à direita” sinalizava: caminho para o Sagrado Coração de Jesus, adiante. Tenho, de novo, a tocha, a chama não mais intermitente, mas interminavelmente acesa dentro do peito, em comunhão com o meu querido Apostolado da Oração, que pelo qual nada me faz deter a vontade apaixonada de pertencê-lo e de nele residir toda a minha fé e servidão. “Sagrado Coração de Jesus. Eu Confio e Espero em Vós”.
Ivanildo Deringer
Maringá-Pr
ideringer@gmail.com