terça-feira, 10 de março de 2009

O caso do aborto

Achei muito claro este artigo:
O conhecido aborto de gêmeos ocupou largamente os meios de comunicação social nos últimos dias. Teve mesmo repercussão internacional. Vejo um lado positivo: todos defendem a vida, em termos candentes. Os que aprovam a medida insistem no direito da mulher em se livrar de uma gravidez não desejada, consequência de estupro. Ou ainda, o direito de salvar a vida da mulher, se a gravidez é causa de risco de morte. Insiste-se ainda, que a mulher tem direito de ser libertada, o mais cedo possível, do sofrimento de uma gravidez de anencéfalo. Outros reconhecem a gravidade da situação em qualquer caso destes. Olham também o outro lado: o que é que se está eliminando? Não se trata de um órgão doente ou defeituoso. Trata-se um ser humano. O ponto chave reside, pois, em definir em que momento começa a vida de um ser humano. Os medievais, baseados nos dados precários da ciência daquele tempo, achavam que seria depois de dois ou três meses. Os dados da biologia reprodutiva deixam pouca dúvida de que o marco zero de todo ser humano é o momento em que o espermatozoide fecunda o óvulo, formando o zigoto. O embrião que se forma a seguir, embora minúsculo, encerra enorme carga genética. Conclui-se que existe altíssima probabilidade de que, a partir do momento da fecundação, estamos diante de um novo ser humano em formação. Minúsculo, mas com todas as condições de se desenvolver. Este foi o marco inicial de todas as pessoas, desde as mais famosas às mais pobres. Estes dados levam a considerar toda interrupção da gravidez como um atentado contra a vida. Interrompe-se uma vida em seu estágio inicial. Este é um dado da ciência. A Igreja Católica o aceita como altamente provável. Por isso condena todo aborto. Sempre está em jogo a vida de uma pessoa, frágil, indefesa. O caso rumoroso em apreço merece algumas considerações. 1. A versão corrente diz que o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso, excomungou os que fizeram o aborto. Não é bem isto. O arcebispo não excomungou ninguém. Ele informou que os autores incorreram em excomunhão. De fato, o cânon 1398 diz assim: “Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae”. Significa automática. 2. Pergunta-se em tom agressivo: por que o arcebispo não excomungou o estuprador? Já vimos que o arcebispo não excomungou ninguém. Acontece que a excomunhão pesa apenas sobre alguns pecados graves. Mas não hierarquiza. Existem pecados, gravíssimos, que não são estigmatizados com a excomunhão. Apenas a título de exemplo: quem assassinasse uma mulher grávida, cometeria crime gravíssimo, mas sobre ele não pesa excomunhão. 3. Convém ainda lembrar, que a excomunhão não é uma pena vindicativa, mas medicinal. Entenda-se: a Igreja não quer punir, mas sim exortar, com veemência, à conversão. A Igreja não quer ver ninguém no cárcere, mas sim, contrito no confessionário. Acredito que todos quantos defendem a vida, deviam sentar-se ao redor de uma mesa e dialogar. Deixar bem claro em que momento começa uma vida humana. Para a Igreja, a vida humana deve ser sempre respeitada, defendida. Especialmente para os mais fracos e indefesos. Defender os mais fracos nem sempre é bem visto. Se Jesus Cristo tivesse se colocado ao lado dos poderosos, provavelmente não teria sido condenado à morte na cruz.
DomTito  Buss, bispo de Rio do Sul
Fonte:http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2432756.xml&template=4187.dwt&edition=11875&section=882

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