sábado, 15 de dezembro de 2012

Irmãs deixam o Albergue - por padre Orivaldo Robles


“Desde o final dos anos 40, praticamente desde seu nascimento, a cidade de Maringá acostumou-se com o espetáculo de gente indo e vindo em busca de emprego. No início, eram trabalhadores rurais, sem outra qualificação além dos próprios braços, atrás de alguma colocação nas muitas propriedades de café que se abriam com a derrubada do mato. Perambulavam pela cidade e, como não dispunham de dinheiro, também não conseguiam hospedagem nos poucos hotéis existentes. Ao chegar, dom Jaime encontrou funcionando na cidade um “albergue”; na verdade, modesta hospedaria de madeira sem conforto, mantida pelo poder público estadual, onde os necessitados recebiam atendimento sofrível. Condoído dessa parte infeliz do seu rebanho, em 1958 iniciou entendimentos com os responsáveis do FATR – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, precursor do FUNRURAL, sobre a possibilidade de transferir para a Igreja Católica o cuidado da instituição. Em 27 de março de 1959, as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo vieram dirigir a obra que, por causa da cofundadora da congregação (junto com São Vicente de Paulo), recebeu o nome de Albergue Santa Luiza de Marillac. O primeiro grupo era formado por irmãs Sebastiana Domingues, Ivone Nazari e Delfina Gretter. Ao longo de seus quase 50 anos nas mãos da Igreja, foi recebendo reformas e melhoramentos, ampliando-se sempre mais, a ponto de hoje oferecer instalações e atendimento dificilmente igualados por instituição oficial destinada à mesma clientela” - trecho do livro deste cronista “A Igreja que brotou da mata – Os 50 anos da Diocese de Maringá” (pág.190-191, Dental Press Editora, 2007).
Por mais de cinco décadas o albergue prestou “atendimento aos pobres, oferecendo cuidados de higiene, alimentação, pernoite, roupas, calçados, medicamentos, além de assistência social para encaminhamento na solução de problemas individuais como saúde mental, internamento hospitalar, procura de familiares, retorno à região de origem etc. São ainda proporcionados serviços de aconselhamento em situações difíceis, e orientação espiritual. Com uma clientela diária girando por volta de 100 pessoas, ou mais de 2500 pobres acolhidos por mês, o albergue vem ultimamente assistindo uma média superior a 30.000 clientes/ano” (id. ib.).
A alma do albergue e a razão da credibilidade do trabalho ali desenvolvido sempre foram as prestimosas irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, a mesma congregação que cuida do Núcleo Social Papa João 23, onde somam esforços também os Irmãos Maristas das Escolas, através do Centro Social Marista Irmão Beno Tomasoni. Quem quiser conhecer o amor dessas irmãs aos pobres peça a dom Jaime que fale sobre irmã Salomé Dets, autêntica irmã Dulce maringaense, que aqui trabalhou na década de 60, fazendo sempre questão de atender os mais miseráveis e desprezados de todos. Não é verdade, como alegam alguns, que as irmãs não farão falta. Farão, sim, e muita. Foi pelo seu exemplo que centenas ou milhares de voluntários se sentiram estimulados a colaborar para que o albergue chegasse àquilo que é hoje. Por 20 anos, eu mesmo incentivei os fiéis da Paróquia Santa Maria Goretti a colaborar com o albergue. A resposta sempre foi admirável. Não seria porque a total entrega das irmãs mostrava de forma clara como os pobres devem ser tratados?

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