“Desde o final
dos anos 40, praticamente desde seu nascimento, a cidade de Maringá
acostumou-se com o espetáculo de gente indo e vindo em busca de emprego. No
início, eram trabalhadores rurais, sem outra qualificação além dos próprios
braços, atrás de alguma colocação nas muitas propriedades de café que se abriam
com a derrubada do mato. Perambulavam pela cidade e, como não dispunham de
dinheiro, também não conseguiam hospedagem nos poucos hotéis existentes. Ao
chegar, dom Jaime encontrou funcionando na cidade um “albergue”; na verdade,
modesta hospedaria de madeira sem conforto, mantida pelo poder público
estadual, onde os necessitados recebiam atendimento sofrível. Condoído dessa
parte infeliz do seu rebanho, em 1958 iniciou entendimentos com os responsáveis
do FATR – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, precursor do FUNRURAL,
sobre a possibilidade de transferir para a Igreja Católica o cuidado da
instituição. Em 27 de março de 1959, as Filhas da Caridade de São Vicente de
Paulo vieram dirigir a obra que, por causa da cofundadora da congregação (junto
com São Vicente de Paulo), recebeu o nome de Albergue Santa Luiza de Marillac.
O primeiro grupo era formado por irmãs Sebastiana Domingues, Ivone Nazari e
Delfina Gretter. Ao longo de seus quase 50 anos nas mãos da Igreja, foi
recebendo reformas e melhoramentos, ampliando-se sempre mais, a ponto de hoje
oferecer instalações e atendimento dificilmente igualados por instituição
oficial destinada à mesma clientela” - trecho do livro deste cronista “A Igreja
que brotou da mata – Os 50 anos da Diocese de Maringá” (pág.190-191, Dental
Press Editora, 2007).
Por mais de
cinco décadas o albergue prestou “atendimento aos pobres, oferecendo cuidados
de higiene, alimentação, pernoite, roupas, calçados, medicamentos, além de
assistência social para encaminhamento na solução de problemas individuais como
saúde mental, internamento hospitalar, procura de familiares, retorno à região
de origem etc. São ainda proporcionados serviços de aconselhamento em situações
difíceis, e orientação espiritual. Com uma clientela diária girando por volta
de 100 pessoas, ou mais de 2500 pobres acolhidos por mês, o albergue vem
ultimamente assistindo uma média superior a 30.000 clientes/ano” (id. ib.).
A alma do albergue
e a razão da credibilidade do trabalho ali desenvolvido sempre foram as
prestimosas irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, a mesma
congregação que cuida do Núcleo Social Papa João 23, onde somam esforços também
os Irmãos Maristas das Escolas, através do Centro Social Marista Irmão Beno
Tomasoni. Quem quiser conhecer o amor dessas irmãs aos pobres peça a dom Jaime
que fale sobre irmã Salomé Dets, autêntica irmã Dulce maringaense, que aqui
trabalhou na década de 60, fazendo sempre questão de atender os mais miseráveis
e desprezados de todos. Não é verdade, como alegam alguns, que as irmãs não
farão falta. Farão, sim, e muita. Foi pelo seu exemplo que centenas ou milhares
de voluntários se sentiram estimulados a colaborar para que o albergue chegasse
àquilo que é hoje. Por 20 anos, eu mesmo incentivei os fiéis da Paróquia Santa
Maria Goretti a colaborar com o albergue. A resposta sempre foi admirável. Não
seria porque a total entrega das irmãs mostrava de forma clara como os pobres
devem ser tratados?
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