“Mal começava o domingo, a
semana, lá vem as mulheres com flores e aromas, de passo em passo, de rua em
rua. O Sol já havia surgido, Aleluia!”.
Mais uma vez celebraremos a Páscoa.
Páscoa é sinal de vida. Páscoa é sinal de esperança. Páscoa é sinal de certeza
e de vitória.
Quando Jesus percebeu que o
caminho para Jerusalém poderia levar à morte ele não recuou. E por quê? Não que
Jesus não tenha sentido aquele calafrio diante da possibilidade do sofrimento.
Ele até pediu ao Pai que afastasse dele este momento. Ele só continuou sua
caminhada porque tinha plena confiança no Pai e no seu projeto. Porque Ele
sabia que o Pai era o Deus da vida. E o Deus da vida não deixaria que a morte
prevalecesse.
E assim aconteceu. No terceiro
dia Jesus reaparece aos seus, ressuscitado. “Ó morte, onde esta sua vitória?”
Esse dom de Deus confirmava as palavras de Jesus: “Eu vim para que todos tenham
vida e vida em plenitude”.
Toda a vida de Jesus foi um testemunho
de vida. Vida que se manifestou na acolhida, no perdão, no carinho para com os
sofredores e marginalizados, na oferta de vida a quem estava morto, na
misericórdia, na denúncia das situações que impediam que a vida digna fosse
valorizada.
E tudo isso reacendeu a esperança
no coração dos seus discípulos. “Nunca vimos algo assim”. E quando, depois de
verem o Mestre crucificado e sepultado, e sem esperança, voltam para casa, eis
que algo novo acontece. Um fogo faz arder os corações e reacende a chama da
esperança.
Por isso, Jesus ressuscitou. Uma
mensagem clara de que “nada poderá nos separar do amor de Deus”. Nem a morte.
Como escreveu São Leão Magno,
papa, “foi eliminada a ignorância da incredulidade, foi suavizada a aspereza do
caminho, e o sangue sagrado de Cristo extinguiu o fogo daquela espada que
impedia o acesso ao reino da vida. A escuridão da antiga noite cedeu lugar à
verdadeira luz. O povo cristão é convidado a gozar as riquezas do paraíso, e
para todos os batizados está aberto o caminho de volta à pátria perdida, desde
que ninguém queira fechar para si próprio aquele caminho que se abriu também à
fé do ladrão arrependido. Evitemos que as preocupações desta vida nos envolvam
na ansiedade e no orgulho, de tal modo que não procuremos, com todo o afeto do
coração, conformar-nos a nosso Redentor na perfeita imitação de seus exemplos.
Tudo o que ele fez ou sofreu foi para a nossa salvação, a fim de que todo o
Corpo pudesse participar da virtude da Cabeça”.
Por isso quando celebramos a cada
ano a Páscoa, renovamos em nós a certeza de que a morte foi vencida. E que
poderemos vencer todos os sinais de morte que continuam se apresentando no
nosso meio.
Muitos deles são por falta de uma
conversão pessoal de nossa parte: nosso egoísmo, nossa omissão, o materialismo...
Precisamos nos esforçar mais e testemunhar mais eficazmente os valores do Reino
de Deus. Precisamos superar a falta de esperança e acreditar que nossos
pequenos gestos do dia-a-dia podem transformar as realidades. Não podemos ter
medo. Não podemos deixar que a sedução pelos bens transitórios enfraqueçam em
nós a busca e defesa dos bens eternos.
A Campanha da Fraternidade deste
ano, com o tema “Fraternidade e Saúde Pública” serve de apelo para cada um de
nós. Quanto ainda por fazer para que a vida e a saúde sejam preservadas com
dignidade desde o seu início até seu declínio natural. Às vezes até parece ser
muito diante de nossas capacidades. Mas nós fazemos o possível, e deixamos que
o que parece impossível Deus fará.
Mas não podemos deixar passar
esta oportunidade. A Campanha da Fraternidade está terminando, mas não o nosso
compromisso com a vida, especialmente dos mais indefesos. E o que nos leva a
continuar nossa luta é a certeza de que a morte não é a última resposta. É a
vida que prevalece. É a vida que sai vitoriosa e nós podemos ser testemunhas
disso.
Em cada encontro de nossos grupos
de reflexão e oração, em cada ação de nossas pastorais e movimentos, uma
semente de vida é plantada. O tempo que nós usamos dedicado à busca de mais
justiça e dignidade nos será revertido em forma de abundante colheita.
E citando mais uma vez São Leão
Magno: “Se andarmos pelos caminhos de seus mandamentos e não nos envergonharmos
de proclamar tudo o que ele fez pela nossa salvação na humildade do seu corpo,
também nós teremos parte na sua glória. Então se cumprirá claramente o que
prometeu: ‘Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens,
também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus’ (Mt
10,32)”.
Vamos agradecer a Deus por mais
um ano de celebrações que recordam a paixão, a morte e a ressurreição de seu
Filho Jesus. Afinal, Ele testemunhou a verdade de suas palavras. Peçamos que
estas celebrações renovem em nós o compromisso com a justiça, com a verdade,
com a fraternidade, sinais eminentes da vitória da vida.
Assim como a vida se renova com a
chuva após um período de estiagem, que sejamos renovados pela celebração da
Páscoa do Senhor em nossos propósitos de fazer o bem a todos e “escolher sempre
a vida”.
A todos uma Feliz e Santa Páscoa!
Padre Onildo Luiz Gorla Júnior
Vigário da Paróquia Nossa Senhora
das Graças
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