sexta-feira, 6 de abril de 2012

As coisas antigas já se passaram


“Mal começava o domingo, a semana, lá vem as mulheres com flores e aromas, de passo em passo, de rua em rua. O Sol já havia surgido, Aleluia!”.
Mais uma vez celebraremos a Páscoa. Páscoa é sinal de vida. Páscoa é sinal de esperança. Páscoa é sinal de certeza e de vitória.
Quando Jesus percebeu que o caminho para Jerusalém poderia levar à morte ele não recuou. E por quê? Não que Jesus não tenha sentido aquele calafrio diante da possibilidade do sofrimento. Ele até pediu ao Pai que afastasse dele este momento. Ele só continuou sua caminhada porque tinha plena confiança no Pai e no seu projeto. Porque Ele sabia que o Pai era o Deus da vida. E o Deus da vida não deixaria que a morte prevalecesse.
E assim aconteceu. No terceiro dia Jesus reaparece aos seus, ressuscitado. “Ó morte, onde esta sua vitória?” Esse dom de Deus confirmava as palavras de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”.
Toda a vida de Jesus foi um testemunho de vida. Vida que se manifestou na acolhida, no perdão, no carinho para com os sofredores e marginalizados, na oferta de vida a quem estava morto, na misericórdia, na denúncia das situações que impediam que a vida digna fosse valorizada.
E tudo isso reacendeu a esperança no coração dos seus discípulos. “Nunca vimos algo assim”. E quando, depois de verem o Mestre crucificado e sepultado, e sem esperança, voltam para casa, eis que algo novo acontece. Um fogo faz arder os corações e reacende a chama da esperança.
Por isso, Jesus ressuscitou. Uma mensagem clara de que “nada poderá nos separar do amor de Deus”. Nem a morte.
Como escreveu São Leão Magno, papa, “foi eliminada a ignorância da incredulidade, foi suavizada a aspereza do caminho, e o sangue sagrado de Cristo extinguiu o fogo daquela espada que impedia o acesso ao reino da vida. A escuridão da antiga noite cedeu lugar à verdadeira luz. O povo cristão é convidado a gozar as riquezas do paraíso, e para todos os batizados está aberto o caminho de volta à pátria perdida, desde que ninguém queira fechar para si próprio aquele caminho que se abriu também à fé do ladrão arrependido. Evitemos que as preocupações desta vida nos envolvam na ansiedade e no orgulho, de tal modo que não procuremos, com todo o afeto do coração, conformar-nos a nosso Redentor na perfeita imitação de seus exemplos. Tudo o que ele fez ou sofreu foi para a nossa salvação, a fim de que todo o Corpo pudesse participar da virtude da Cabeça”.
Por isso quando celebramos a cada ano a Páscoa, renovamos em nós a certeza de que a morte foi vencida. E que poderemos vencer todos os sinais de morte que continuam se apresentando no nosso meio.
Muitos deles são por falta de uma conversão pessoal de nossa parte: nosso egoísmo, nossa omissão, o materialismo... Precisamos nos esforçar mais e testemunhar mais eficazmente os valores do Reino de Deus. Precisamos superar a falta de esperança e acreditar que nossos pequenos gestos do dia-a-dia podem transformar as realidades. Não podemos ter medo. Não podemos deixar que a sedução pelos bens transitórios enfraqueçam em nós a busca e defesa dos bens eternos.
A Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema “Fraternidade e Saúde Pública” serve de apelo para cada um de nós. Quanto ainda por fazer para que a vida e a saúde sejam preservadas com dignidade desde o seu início até seu declínio natural. Às vezes até parece ser muito diante de nossas capacidades. Mas nós fazemos o possível, e deixamos que o que parece impossível Deus fará.
Mas não podemos deixar passar esta oportunidade. A Campanha da Fraternidade está terminando, mas não o nosso compromisso com a vida, especialmente dos mais indefesos. E o que nos leva a continuar nossa luta é a certeza de que a morte não é a última resposta. É a vida que prevalece. É a vida que sai vitoriosa e nós podemos ser testemunhas disso.
Em cada encontro de nossos grupos de reflexão e oração, em cada ação de nossas pastorais e movimentos, uma semente de vida é plantada. O tempo que nós usamos dedicado à busca de mais justiça e dignidade nos será revertido em forma de abundante colheita.
E citando mais uma vez São Leão Magno: “Se andarmos pelos caminhos de seus mandamentos e não nos envergonharmos de proclamar tudo o que ele fez pela nossa salvação na humildade do seu corpo, também nós teremos parte na sua glória. Então se cumprirá claramente o que prometeu: ‘Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus’ (Mt 10,32)”.
Vamos agradecer a Deus por mais um ano de celebrações que recordam a paixão, a morte e a ressurreição de seu Filho Jesus. Afinal, Ele testemunhou a verdade de suas palavras. Peçamos que estas celebrações renovem em nós o compromisso com a justiça, com a verdade, com a fraternidade, sinais eminentes da vitória da vida.
Assim como a vida se renova com a chuva após um período de estiagem, que sejamos renovados pela celebração da Páscoa do Senhor em nossos propósitos de fazer o bem a todos e “escolher sempre a vida”.
A todos uma Feliz e Santa Páscoa!

Padre Onildo Luiz Gorla Júnior
Vigário da Paróquia Nossa Senhora das Graças

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