sábado, 23 de junho de 2012

Menos, por favor! - por padre Orivaldo Robles


Nunca me contagiou o entusiasmo com que pessoas exibem fotos de viagem ou álbum de casamento. Como troféus reunidos para exposição pública. Passeios ou eventos podem ser interessantes para quem lá esteve. Para quem ouve contar, ou tem que ver fotos que não acabam mais, eles se tornam, quase sempre, um aperreio. Mais de uma vez me questionei se pensar assim não seria azedume ou deselegância de minha parte. Vai ver, todo o mundo aprecia. Eu é que sou diferente do resto dos mortais, o único do contra. A infância pobre da roça deixou-me um tanto arredio a práticas com que não fui acostumado.
Por isso, me confortou a leitura deste conselho, que julguei de muita sabedoria: Não aborreça ninguém com o relatório das suas viagens. Elas são interessantes só para quem viaja. Ninguém aguenta ouvir os relatórios e ver fotografias horas e horas. Comente apenas o destino e a duração da viagem, se alguém perguntar. Aprenda a fazer uma síntese de tudo, a não ser que seus amigos peçam mais detalhes. Se alguém perguntar mais alguma coisa, seja breve”. Mais preparada que eu, a autora responde pelo nome de Ivone Boechat. Expõe no currículo títulos de mestre em Educação, pedagoga, conferencista e escritora. Estou, portanto, em apreciável companhia. Generalizar é injusto, mas para certas pessoas mostrar fotos não seria uma afirmação de superioridade? De deixar bem claro: sou mais importante que você, porque estive neste lugar maravilhoso?
Desde o berço, através do choro, sentimos necessidade de marcar nossa presença. Precisamos mostrar que o mundo gira em volta do nosso umbigo. Há mais de cinquenta anos, antes, portanto, da invenção do celular, foi feita uma pesquisa na central telefônica de Nova Iorque, onde ficavam registradas todas as ligações. O objetivo era saber que palavra os usuários falavam com maior frequência. Ganhou de lavada uma palavrinha de apenas uma letra, em inglês: I. Vale dizer: eu sou mais importante que tudo. Não só lá; no mundo inteiro. Basta conferir. Numa foto de várias pessoas, no meio das quais também estamos, para qual olhamos primeiro? Se vamos falar de um grupo do qual fazemos parte, por quem começamos? Enumeramos assim: eu, fulano, sicrano, beltrano etc. não é? Quem vai à frente? Claro, o mais belo, inteligente e importante de todos, que sou eu. Assim agimos todos, desde que nos conhecemos por gente. Achamos a coisa mais natural do mundo. Estranhamos se alguém faz o contrário.
Importa descobrirmos nossa real identidade. Cinco séculos antes de Cristo, o filósofo Sócrates já prescrevia: “Conhece-te a ti mesmo”. Para isso os mestres da vida cristã aconselham a saudável prática do exame de consciência. Ele nos revela, sem perigo de engano, nossas virtudes e defeitos. Nossas potencialidades e limitações. Quem se conhece não fica aborrecendo os outros com o cansativo relato de sua grandeza, quase sempre ilusória. É extremamente enfadonho conviver com um egocêntrico. O desconfiômetro do infeliz está sempre avariado e nenhuma oficina conserta. Vira e mexe, seu papo cai naquilo que mais adora: deitar louvação de si mesmo. De sua pessoa, de suas conquistas e vantagens, sempre maiores do que tudo o que os outros conseguiram. Quem pode sentir-se bem ao lado de quem se julga mais importante? Que graça tem saber de antemão que será tratado como um ser inferior? 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O candidato ingênuo - por Frei Betto


Candidato, vocábulo que deriva de cândido, puro, íntegro. Quem dera a maioria correspondesse a essa etimologia... A ingenuidade de muitos candidatos a vereador se desfaz quando, convidado a concorrer às eleições, acredita que, se eleito, não será “como os outros” (quantos não disseram isso no passado e hoje...) e prestará excelente serviço ao município.
O que poucos candidatos desconfiam é que servem de escada para a vitória eleitoral de políticos que eles criticam. Para se eleger vereador, deputado estadual ou federal, é preciso obter quociente eleitoral - aqui reside o pulo do gato.
A Câmara Municipal comporta de 9 a 55 vereadores, de acordo com a população do município. Cândidos eleitores imaginam que são empossados os candidatos que recebem mais votos. Ledo engano. João pode ser eleito ainda que receba menos votos do que Maria. Basta o partido do João atingir o quociente eleitoral.
Vamos supor que o município tenha 6.000 eleitores. Destes, 1.500 deixaram de votar, votaram em branco ou anularam o voto. São considerados válidos, portanto, 4.500 votos. Como a Câmara Municipal tem nove vagas, divide-se o número de votos válidos pelo número de vagas. O resultado dá o quociente eleitoral: 500 votos. Todo candidato que obtiver nas urnas 500 votos ou mais, será eleito vereador.
É muito difícil um único candidato obter, sozinho, votos suficientes para preencher o quociente eleitoral. Casos como o do Tiririca são raros. A Justiça Eleitoral soma os votos de todos os candidatos do mesmo partido, mais os votos dados apenas ao partido, sem indicação de candidato.
A cada 500 votos que o partido recebeu, o candidato mais votado vira vereador. Se o partido obteve 1.500 votos, ele terá, na Câmara Municipal, três vereadores. Os demais candidatos, que individualmente receberam menos votos do que os três empossados, ficam como suplentes. E o partido que obtiver menos de 500 votos, neste exemplo, não faz nenhum vereador.
A lei permite que um partido apresente um número de candidatos até uma vez e meia o número de vagas na Câmara. Se o partido se coliga com outros partidos, a coligação pode apresentar candidatos em número duas vezes superior à quantidade de vereadores que o município comporta. Para uma Câmara que comporta 9 vereadores, cada partido pode ter 14 candidatos, e cada coligação, 18. Esta a razão pela qual os partidos lançam muitos candidatos. Quanto mais votos os candidatos obtêm, mais chance tem o partido, ou a coligação, de atingir o quociente eleitoral. E, portanto, de eleger os candidatos com maior votação individual.
Ora, se você pensa em ser candidato, fique de olho. Pode ser que esteja servindo de degrau para a ascensão de candidatos cuja prática política você condena, como a falta de ética. Enquanto não houver reforma política, o sistema eleitoral funciona assim: muitos novos candidatos reelegem os mesmos políticos de sempre!
Se você é, como eu, apenas eleitor, saiba que escolher o partido é mais importante que escolher o candidato. Votar de olho somente no candidato pode resultar, caso ele não seja eleito, na eleição de outro candidato do partido. Como alerta o sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, “mais freqüente, porém, é a derrota e a frustração de pessoas bem-intencionadas, mas desinformadas. Ao se apresentarem como candidatas, elas mobilizam familiares, amigos e vizinhos para a campanha. Terminadas as eleições, percebem que sua votação só serviu para engordar o quociente eleitoral do partido ou da coligação... Descobrem, tarde demais, que eram apenas ‘candidatos alavancas’”.
Convém ter presente que o nosso voto vai, primeiro, para o partido e, depois, para o candidato.
São raríssimos casos como o da manicure Sirlei Brisida, eleita vereadora em Medianeira (PR) com apenas 1 voto. Seu partido, o PPS, concorreu nas eleições de 2008 com nove candidatos. Pelo quociente eleitoral, apenas Edir Moreira tomou posse. E se mudou para o PSDB, acompanhado pelos outros sete suplentes. Sirlei, que adoeceu durante a campanha eleitoral, e não pediu votos nem à família, permaneceu filiada ao PPS. Agora, a Justiça Eleitoral decidiu que o mandato pertence ao partido, no caso, ao PPS. Edir foi cassado e Sirlei, empossada.

Fonte: http://www.correiocidadania.com.br/index.phpoption=com_content&view=article&id=7250:freibetto130612&catid=17:frei-betto&Itemid=55   em 15/062012

sábado, 9 de junho de 2012

Ainda a vida longa - por padre Orivaldo Robles


Antônio Facci, pioneiro de Maringá e escritor, observou que Maringá é diferente de outras cidades de igual porte. Não só pela exuberância da arborização, não só pela pujança de seu comércio, não só pelo número de universidades e cursos superiores, que hoje atraem estudantes do Brasil inteiro e de países vizinhos. Acima de tudo, Maringá é diferente porque, sessenta anos depois de nascida, mantém elevado nível de solidariedade, como acontecia entre os primeiros moradores. As dezenas de obras beneficentes, multiplicadas e visíveis por todos os cantos, refletem a marca de um sofrido começo, quando os habitantes daquela boca de mato cultivavam laços fortes de união, sob pena de sucumbirem às agruras do meio. Não se podia estiolar o espírito de família que os tornava não só unidos, mas responsáveis, um pelo outro, e todos, pela cidade que era sua. Em outros lugares esse calor de vida se perdeu. Não em Maringá. Por uma razão histórica, segundo Facci. Porque Maringá acolheu um homem que lhe ensinou, pelo exemplo de anos seguidos, a abrir o coração para as necessidades do outro: Dom Jaime. Ele transmitiu uma lição que Maringá incorporou à sua experiência de vida: o outro não é estranho; é irmão.
Essa observação eu a ouvi diretamente dos lábios do saudoso Facci no dia 19 de maio de 2006. Felizmente, documentei-a, como transcrito acima, na pág. 212 do livro “A IGREJA que brotou da mata”, minha modesta contribuição à história desta cidade que amamos.
Maringá reúne uma imensidão de entidades voltadas ao atendimento das carências de pessoas menos favorecidas pela sorte. Conta ainda com muitas pessoas merecedoras da gratidão de todos nós. Encontramo-las em todos os agrupamentos de pessoas ou denominações religiosas. São seres especiais, que levam a sério o compromisso do Evangelho. Não pensam em prêmio nem aplauso. Sabem que o bem é a recompensa de si mesmo. Quem não ouviu falar, entre nós, para só citar duas, de Dona Cenita e de Ísis Bruder?
Não quero puxar a brasa para minha sardinha. O bem não tem dono. Quem o pratica o faz porque entende que assim deve agir. Até sem pensar, atende à proposta do Senhor: “Quando socorrestes a um destes meus irmãos, os mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,40).  Falo de católicos, que são minha praia e conheço mais. Só dois também:
No Asilo São Vicente de Paulo, em dezembro de 1998, repórter do nosso jornal Maringá Missão (hoje revista), ouviu do coordenador Jacob Zaita: “Nosso asilo nunca será um depósito de velhos. O dia em que isto aqui correr o risco de ser um depósito de velhos, fecho as portas”. O Lar dos Velhinhos, outra instituição para idosos, lembrará sempre o nome de Irmã Firmina. Que fez escola entre nós. Pessoas a ela ligadas, membros do Rotary ou não, têm o amor como lei maior. Homenagem aos 85 de dona Dolores Ribeiro, por exemplo, faz gracioso pedido: “O melhor presente seria sua doação para o Lar dos Velhinhos de Maringá”. Anexo, um envelope.
Foi isto que comentei na crônica passada. Queria ressaltar que importante não é o número de anos, mas o amor com que os vivemos. Qualidade de vida é fundamental. E só viceja no amor. Ideal seria que cada pessoa e também o Poder Público se conduzissem pelo amor. Mas não é assim. Então, pelo menos, tratem os idosos com o respeito que eles merecem.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Missão na prisão - por Adriana Nishiyama


Caríssimos amigos, cá estou para partilhar mais uma experiência que estou vivendo na missão, aqui em Bafatá, “Missão na prisão”.
Tudo começou após o golpe de estado do dia 12 de abril deste ano. Com a queda do governo, o país ficou totalmente parado. E duas semanas após, Fr.Michael que faz parte da Comissão Justiça e Paz em Bissau, me ligou contando da situação de emergencia que estavam passando os presos e também os guarda prisionais. Não haviam mais comida e a unica alternativa seria libertar todos os presos naquele fim de semana.
Nos reunimos em Bafatá com algumas entidades que trabalham pelos direitos humanos e Nações Unidas, conseguiram um fundo para garantir pelo menos mais 15 dias de alimentação e assistencia médica. Me pediram para que ajudassem na logistica do dinheiro (na questão de compras, consultas e medicamentos para os presos). Até ai o meu contato era somente com os guardas e o diretor da prisão.
A cada vinda dos guardas para tomar o dinheiro, conversavamos um pouco sobre o trabalho na prisão, os presos, as dificuldades.... a partir daqueles dias, passei a visitar toda a semana, queria ver de perto como realmente vivem. Me deixavam entrar, pois sabiam que eu estava primeiramente em nome daquelas entidades que me deram a incumbencia de comprar seus alimentos mais principalmente porque era ligada a Missão Católica. Sem esquecer que alguns presos recebem a visita de um catequista e do padre semanalmente, e no ano passado um deles foi batizado, e ja esta se preparando para o Crisma.
A cada dia que passava estava mais envolvida com o trabalho na prisão, me perguntava: “O que mais Deus quer de mim? Já a quase 6 anos, trabalhando na escola, com crianças desnutridas, grávidas, e agora mais esta? Bom, se é isso que Ele quer, que continue a me acompanhar, estava disposta a aceitar este novo desafio.
Em uma manha, um dos chefes da prisão veio me avisar que haviam 8 presos que precisavam de atendimento médico. Na hora não sabia o que fazer, mas fui ao hospital pedi a um dos médicos que me acompanhasse na prisão para consultar os doentes, porém não tinham dinheiro para pagar a consulta. O médico, nem pensou duas vezes, terminou seu trabalho e fomos juntos à prisão. Consultamos os 8, vim para casa e separei os remedios que tinha e o que faltava compramos.
Fr.Michael consegui alguns projetos para ajudar no sustento da prisão e também principalmente aprenderem uma profissão e terem uma ocupação no tempo que passaram lá dentro. Um dos projetos era a construção de um forno de pão, que serviria para o café da manha e com a venda dos pães teriam um dinheiro para compra de alimentos ou remedios. E o outro a pintura em tecidos. Demos o inicio na construção do forno, acompanhei tudo de perto, a escolha do lugar, orçamento de materiais.... Em uma semana estava tudo pronto só faltava marcar o dia para a inauguração.
Fizemos uma experiencia alguns dias antes, de assar alguns pães, para garantir que tudo desse certo. Foi uma festa, lembro até agora a alegria dos presos de verem o pão saindo do forno, batiam palmas, aquilo era um sinal de esperança e vida, para aqueles que sonham um dia em retornar a sociedade.
No dia da inauguração, confesso que estava um pouco preocupada, não sabia como os presos podiam reagir com toda aquele movimentação, pois convidamos várias entidades que ajudaram no financiamento dos projetos. Quando cheguei, os presos estavam já no pátio, todos ansiosos para o grande dia. Sentaram todos juntos. Quando chegaram os convidados, um deles, um policial das Nações Unidas de Cabo Verde, entrou na cela, e perguntou: “Onde estão os presos?”. O guarda respondeu: “São aqueles que estão sentados no pátio.” Acharam que todos aqueles que estavam sentados eram convidados, ficaram admirados como os guardas conseguiam aquilo, tanta disciplina dos presos. Isto demonstra o respeito que os presos tem para com os guardas e para aqueles que tem lhes ajudado. Nesta prisão estão la 45 homens e 2 mulheres.
Sou grata a Deus, por mais esta experiência em minha vida, pretendo ajudá-los o máximo possível, dentro de minhas possibilidades, com a ajuda de Deus e as orações de vocês.
E a missão continua......


Adriana Nishiyama 

Missionária leiga na Diocese de Bafatá
Guiné-Bissau

sábado, 2 de junho de 2012

Vida longa - por Padre Orivaldo Robles


“Eu rezo todos os dias para Deus me conservar a vida enquanto eu puder tomar banho sozinho”, me disse, meio rindo, meio sério, um pioneiro de Maringá, ainda bem vivo. Eu admirava sua boa disposição e saúde perfeita. Resistente aos anos, ele venceu os 80 com robustez pouco encontrável em outros até mais jovens. Não perde o sorriso sempre aberto para brindar os muitos conhecidos. À minha observação, deu-me em resposta a tirada que me surpreendeu. Fiquei pensando: onde um homem da roça foi buscar expressão de tanta sabedoria? Sem estudo, fala ingênua, traduziu com perfeição aquilo que, no fundo, é secreta aspiração de todos. Ainda que não ousemos admitir. Porque, pensando bem, que sentido tem a vida para quem é conduzido por mãos alheias, mesmo se eficientes e carinhosas?
Tive ocasião de comprovar lá em casa a pertinência da afirmação do Seu Antônio. Embora impossibilitado de trabalhar, nos 19 derradeiros anos de vida, até o fim o pai se manteve lúcido e senhor de controle do sofrido corpo. Colheu-o a morte ainda no hospital. Estava de alta do terceiro enfarte. O eletro acusava dois outros, antigos. Vencidos em casa, sem atendimento, sabe Deus como, com auxílio só da mãe. Lavrador sem instrução, de saúde precária, acabou se entregando no quarto enfarte. Eu o ajudava a vestir a camisa, a fim de levá-lo para casa. Contava 72 anos. Teimoso, como bom espanhol, tirou de letra os três anteriores. Enquanto vivo, mesmo gravemente enfermo, não dependeu de ninguém para o cumprimento das pessoais necessidades.  
A mãe, em compensação, foi bem mais longeva. E mais dependente. Conseguiu atravessar os 94. Questão de genes. Lúcida até o fim. Mente boa, não assim o corpo. Exigiu cuidados incansáveis. Afirmei muitas vezes que mereciam estátua em praça pública minha irmã e meu irmão, que moravam com ela. A eles coube prestar-lhe atendimento perfeito até o instante final. É penoso cuidar de uma idosa incapaz dos movimentos mais simples. Com dores persistentes. Como diz Seu Antônio, para alguém incapaz de tomar banho sozinho, a vida se torna um peso. Cortava o coração vê-la pedir, em lágrimas, que Deus a viesse buscar.
Leio agora na Folha de São Paulo (C5, 28/05/2012) que o País tem quase 24 mil centenários.  E daí? Vantagem nenhuma. A própria Folha admite que “o Brasil vai mal na execução de políticas que possibilitem um envelhecimento saudável, seja na prevenção de doenças que incapacitem o idoso seja em instrumentos que o protejam e que garantam seus direitos”. O desafio é manter independência e qualidade de vida aos nossos idosos. Não vejo razão para gastar milhões em pesquisas científicas destinadas a simplesmente prolongar anos de vida. Qual a importância de termos mil ou cem mil pessoas com idade superior a 100 anos? Que proveito obtém a pessoa, a família ou o País? Continua sábia a opinião do salmista, quando afirma: “Nossos anos de vida são setenta, oitenta para os mais saudáveis; mas pela maior parte são fadiga e aborrecimento, passam logo e nós voamos” (Sl 90,10).
Aos 71, faço a experiência das limitações deste pobre corpo. A mente funciona com perfeição. O mesmo não acontece com o “irmão burro”, como o chamava São Francisco de Assis. Não vejo razão de orgulho em termos muitas pessoas com 100 anos. Orgulho será garantir ao idoso condição de tomar banho sozinho. Não importa seu número de anos. Esteja com 80 ou com 100, tanto faz.

Padre Orivaldo Robles
Vigário da Paróquia Catedral