sábado, 9 de junho de 2012

Ainda a vida longa - por padre Orivaldo Robles


Antônio Facci, pioneiro de Maringá e escritor, observou que Maringá é diferente de outras cidades de igual porte. Não só pela exuberância da arborização, não só pela pujança de seu comércio, não só pelo número de universidades e cursos superiores, que hoje atraem estudantes do Brasil inteiro e de países vizinhos. Acima de tudo, Maringá é diferente porque, sessenta anos depois de nascida, mantém elevado nível de solidariedade, como acontecia entre os primeiros moradores. As dezenas de obras beneficentes, multiplicadas e visíveis por todos os cantos, refletem a marca de um sofrido começo, quando os habitantes daquela boca de mato cultivavam laços fortes de união, sob pena de sucumbirem às agruras do meio. Não se podia estiolar o espírito de família que os tornava não só unidos, mas responsáveis, um pelo outro, e todos, pela cidade que era sua. Em outros lugares esse calor de vida se perdeu. Não em Maringá. Por uma razão histórica, segundo Facci. Porque Maringá acolheu um homem que lhe ensinou, pelo exemplo de anos seguidos, a abrir o coração para as necessidades do outro: Dom Jaime. Ele transmitiu uma lição que Maringá incorporou à sua experiência de vida: o outro não é estranho; é irmão.
Essa observação eu a ouvi diretamente dos lábios do saudoso Facci no dia 19 de maio de 2006. Felizmente, documentei-a, como transcrito acima, na pág. 212 do livro “A IGREJA que brotou da mata”, minha modesta contribuição à história desta cidade que amamos.
Maringá reúne uma imensidão de entidades voltadas ao atendimento das carências de pessoas menos favorecidas pela sorte. Conta ainda com muitas pessoas merecedoras da gratidão de todos nós. Encontramo-las em todos os agrupamentos de pessoas ou denominações religiosas. São seres especiais, que levam a sério o compromisso do Evangelho. Não pensam em prêmio nem aplauso. Sabem que o bem é a recompensa de si mesmo. Quem não ouviu falar, entre nós, para só citar duas, de Dona Cenita e de Ísis Bruder?
Não quero puxar a brasa para minha sardinha. O bem não tem dono. Quem o pratica o faz porque entende que assim deve agir. Até sem pensar, atende à proposta do Senhor: “Quando socorrestes a um destes meus irmãos, os mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,40).  Falo de católicos, que são minha praia e conheço mais. Só dois também:
No Asilo São Vicente de Paulo, em dezembro de 1998, repórter do nosso jornal Maringá Missão (hoje revista), ouviu do coordenador Jacob Zaita: “Nosso asilo nunca será um depósito de velhos. O dia em que isto aqui correr o risco de ser um depósito de velhos, fecho as portas”. O Lar dos Velhinhos, outra instituição para idosos, lembrará sempre o nome de Irmã Firmina. Que fez escola entre nós. Pessoas a ela ligadas, membros do Rotary ou não, têm o amor como lei maior. Homenagem aos 85 de dona Dolores Ribeiro, por exemplo, faz gracioso pedido: “O melhor presente seria sua doação para o Lar dos Velhinhos de Maringá”. Anexo, um envelope.
Foi isto que comentei na crônica passada. Queria ressaltar que importante não é o número de anos, mas o amor com que os vivemos. Qualidade de vida é fundamental. E só viceja no amor. Ideal seria que cada pessoa e também o Poder Público se conduzissem pelo amor. Mas não é assim. Então, pelo menos, tratem os idosos com o respeito que eles merecem.

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