Antônio Facci, pioneiro de
Maringá e escritor, observou que Maringá é diferente de outras cidades de igual
porte. Não só pela exuberância da arborização, não só pela pujança de seu comércio,
não só pelo número de universidades e cursos superiores, que hoje atraem
estudantes do Brasil inteiro e de países vizinhos. Acima de tudo, Maringá é
diferente porque, sessenta anos depois de nascida, mantém elevado nível de
solidariedade, como acontecia entre os primeiros moradores. As dezenas de obras
beneficentes, multiplicadas e visíveis por todos os cantos, refletem a marca de
um sofrido começo, quando os habitantes daquela boca de mato cultivavam laços
fortes de união, sob pena de sucumbirem às agruras do meio. Não se podia
estiolar o espírito de família que os tornava não só unidos, mas responsáveis,
um pelo outro, e todos, pela cidade que era sua. Em outros lugares esse calor
de vida se perdeu. Não em Maringá. Por uma razão histórica, segundo Facci. Porque
Maringá acolheu um homem que lhe ensinou, pelo exemplo de anos seguidos, a
abrir o coração para as necessidades do outro: Dom Jaime. Ele transmitiu uma
lição que Maringá incorporou à sua experiência de vida: o outro não é estranho;
é irmão.
Essa observação eu a ouvi diretamente dos lábios do saudoso
Facci no dia 19 de maio de 2006. Felizmente, documentei-a, como transcrito
acima, na pág. 212 do livro “A IGREJA que brotou da mata”, minha modesta
contribuição à história desta cidade que amamos.
Maringá reúne uma imensidão de entidades voltadas ao
atendimento das carências de pessoas menos favorecidas pela sorte. Conta ainda
com muitas pessoas merecedoras da gratidão de todos nós. Encontramo-las em
todos os agrupamentos de pessoas ou denominações religiosas. São seres
especiais, que levam a sério o compromisso do Evangelho. Não pensam em prêmio
nem aplauso. Sabem que o bem é a recompensa de si mesmo. Quem não ouviu falar,
entre nós, para só citar duas, de Dona Cenita e de Ísis Bruder?
Não quero puxar a brasa para minha sardinha. O bem não
tem dono. Quem o pratica o faz porque entende que assim deve agir. Até sem
pensar, atende à proposta do Senhor: “Quando socorrestes a um destes meus
irmãos, os mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,40). Falo de católicos, que são minha praia e conheço
mais. Só dois também:
No Asilo São Vicente de Paulo, em dezembro de 1998, repórter
do nosso jornal Maringá Missão (hoje revista), ouviu do coordenador Jacob
Zaita: “Nosso asilo nunca será um depósito de velhos. O dia em que isto aqui correr
o risco de ser um depósito de velhos, fecho as portas”. O Lar dos Velhinhos,
outra instituição para idosos, lembrará sempre o nome de Irmã Firmina. Que fez
escola entre nós. Pessoas a ela ligadas, membros do Rotary ou não, têm o amor
como lei maior. Homenagem aos 85 de dona Dolores Ribeiro, por exemplo, faz
gracioso pedido: “O melhor presente seria sua doação para o Lar dos Velhinhos
de Maringá”. Anexo, um envelope.
Foi isto que comentei na crônica passada. Queria
ressaltar que importante não é o número de anos, mas o amor com que os vivemos.
Qualidade de vida é fundamental. E só viceja no amor. Ideal seria que cada pessoa
e também o Poder Público se conduzissem pelo amor. Mas não é assim. Então, pelo
menos, tratem os idosos com o respeito que eles merecem.
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