sábado, 18 de maio de 2013

Que futuro haverá? - por padre Orivaldo Robles


Alguém se lembra do filme “O Dia Seguinte”? Produção norte-americana de 1983, feita originalmente para a TV, desenhava os efeitos de uma guerra nuclear entre União Soviética e Estados Unidos. Era ambientada para Lawrence, no Kansas, cidade escolhida por situar-se no centro do país. Pretendia mostrar que uma guerra nuclear iria afetar a vida de todos, não importando onde vivessem. Hoje, a bem da verdade, nada acontece que não se faça sentir no mundo inteiro. Desde Herbert Marshall McLuhan (1911-1980), é aceito que vivemos numa “aldeia global”. Pelo menos no que tange ao comportamento. Basta um maluco inventar alguma idiotice num canto qualquer onde o Judas perdeu as botas para, do outro lado do mundo, alguém achar bonito imitá-lo. A macaquice patrocinada pelos meios de comunicação de todos os calibres faz tempo que mandou a privacidade para as cucuias.
Cada “especialista” que beberica sua cerveja no bar apresenta um diagnóstico para as barbaridades dos noticiários. Simplista, como toda explicação emocional e rasa. Poucos aprofundam as razões. Os fatos, porém, são desaguadouros de inúmeros tributários, difíceis de identificar, cujas nascentes têm, quase sempre, origens distintas e distantes. Nunca se explicam por um único fator. Elementos vários contribuem para sua gênese.
Há dez anos, na revista Interprensa IP, o educador João Malheiro apontava algo a que não se dá atenção. Um componente muito em voga é a deficiente educação para o prazer. Pai, educador ou psicólogo pode afirmar quanto é difícil conduzir uma criança, lentamente, mas de forma segura, a sair do seu mundinho pessoal para se abrir ao outro. No entanto, sem essa conversão, “ela viverá sob o domínio do prazer sensível e identificará – o que é um dos maiores enganos deste início de século – felicidade com prazer”.  Se no princípio do milênio existia essa percepção, calcule-se agora.
Boa parte dos adolescentes de nossos dias identifica felicidade com dormir quando e quanto quiser, vestir roupa de grife, calçar tênis de marca, comer o que agrada e na hora que bem entender, participar das festinhas e baladas que aguentar, adquirir os mais descolados aparelhos eletrônicos do mercado, gastar sem limite no shopping, dispor do mais sofisticado celular ou smartphone (com os aplicativos que desejar e sem restrição de uso), andar em carrão importado e do ano, dispor de dinheiro sem controle de gasto... Para garoto(a)s desse feitio felicidade nada tem a ver com formação de caráter, educação, estudo, saúde, poupança, moradia, transporte, segurança, respeito aos outros, bem-estar da sociedade, futuro da comunidade ou do país. Desde que não falte um burro de carga para lhes satisfazer os caprichos, tudo será válido. Para ele(a)s conquistar a felicidade nada mais é do que seguir os impulsos de sua natureza voltada ao prazer e ao consumo imediatos.
Não há como não perceber que vai crescendo o número de pais que aceitam essa “filosofia de vida”. Recusam-se ao trabalho de orientar a conduta dos filhinhos mimados. Jamais se revestem da coragem de dizer “não”.  Convenceram-se de que os seus anjinhos sempre estão certos: aos pais não cabe tolher o desenvolvimento da personalidade deles. Princípios religiosos, morais, sociais, pessoais..., para quê?
Tudo bem. Mas como vai ser o amanhã (que já está sendo hoje)?

Nenhum comentário: