sábado, 29 de setembro de 2012

A eleição está aí - por padre Orivaldo Robles


A Constituição brasileira, no Parágrafo único do Art. 1°, dispõe que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos...”. Filosoficamente a afirmação é um pouco discutível, mas deixa pra lá. Entendemos que aqui se fala do poder político. Após décadas de submissão aos governos militares, o Congresso Nacional, em outubro de 1988, vencidos dois anos de trabalho, apresentou aquela que Ulysses Guimarães chamou a “constituição cidadã”. O brasileiro de 43 anos de idade, até então tratado como criança pela ditadura, recobrava o direito de escolher seus dirigentes políticos. Era para muitos brasileiros a primeira vez que podiam eleger o supremo mandatário da Nação. Não para mim, que já a tivera em 1960, um ano depois de receber o título de eleitor. Na ocasião, concorriam Jânio Quadros (PDC + UDN), Henrique Teixeira Lott (PSD + PTB) e Adhemar de Barros (PSP).
Para o bem ou para o mal, somos diferentes de outros povos. Ligamo-nos mais ao futebol do que à política. Feitas as contas, é provável que no Brasil tenha morrido mais gente por causa da bola do que por refregas eleitorais, como em outros países. Somos talvez únicos no cultivo de uma estranha mania: quando não temos, fazemos tudo para conseguir. Depois que conseguimos, não sabemos cuidar. Deixamos perder logo e de forma vexatória. Exemplos? Pois não. Primeiro, no futebol: levamos 40 anos para conquistar em definitivo a taça Jules Rimet. Com 3,8 k de ouro puro, verdadeira obra de arte, era um troféu único e inigualável. Treze anos em nossas mãos e deixamos que fosse roubada e derretida. Nenhuma notícia sobre punição dos ladrões. Exemplos na política: em 1960, Jânio Quadros era o maior fenômeno visto até então. Com meus 19 anos, dei-lhe um dos 5,6 milhões de votos, maior votação até ali obtida no Brasil, mais de 2 milhões à frente de Lott. Pois renunciou 6 meses e 25 dias depois. Lá se foi nossa democracia. Em 1989, a ânsia pelos direitos políticos era tanta que a presidência da república foi disputada pelo número descomunal de 22 candidatos. O vencedor foi apeado do poder2½ anos depois: único presidente do Brasil deposto por impeachment. A vontade do povo tem que ser sistematicamente desprezada pelos  ocupantes do poder?
Em poucos dias, elegeremos 17 homens e mulheres para os nossos Executivo e Legislativo. Vamos confiar-lhes parte considerável do nosso destino comum. Então, senhor(a) prefeito(a) e vice, senhores e senhoras vereadores e vereadoras que elegeremos, vamos combinar? Que tal continuar sorrindo e visitando os bairros? Continuem dando atenção às pessoas, até às simples e pobres, está certo? Mesmo sem repórter observando, continuem a mostrar interesse pelos problemas das pessoas. Mas de verdade, não para fazer figura bonita. Providenciem soluções técnicas, eficazes e transparentes. Não as de melhor aparência ou vantajosas para poucos. Montem equipes enxutas de colaboradores. Escolham os melhores quadros, mesmo de fora da coligação. A campanha eleitoral estará terminada. Sua obrigação será com Maringá toda, não com partidários exclusivos. Nos exercício de suas funções, não se esqueçam de que o poder continua nosso. Apenas o emprestamos a vocês por 4 anos. Vocês são obrigados – não nos fazem nenhum favor – a usá-lo para o bem de todos nós. Não para cuidar de seus interesses.

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