Ninguém escapa de mensagens não solicitadas, que a
Internet despeja em nossos computadores domésticos. Não se conhece pessoa que delas
consiga ver-se livre. Você abre a caixa de mensagens e dá de cara com coisas
que ninguém explica por que cargas d’água ali vieram parar. Só pode ser arte de
algum fantasminha brincalhão e muito eficiente, que divulga nosso endereço para
todos os computadores do mundo. Vez por outra (raramente, na verdade) surge
coisa que se aproveita. Dia desses, dei com uma, bem humorada, falando da
importância do latim, que hoje ninguém mais estuda. Dizia mais ou menos isto:
“O vocábulo ‘maestro’ vem do latim ‘magister’ e
este, por sua vez, do advérbio ‘magis’, que significa ‘mais’ ou ‘mais que’. Na
antiga Roma ‘magister’ designava aquele que, pelos seus conhecimentos e
habilitações, estava acima dos demais. Assim, ‘magister equitum’ era o chefe da
cavalaria; ‘magister militum’, o chefe militar. Já o vocábulo ‘ministro’
vem do latim ‘minister’ que, por sua vez, procede do advérbio ‘minus’ cujo
significado é ‘menos’ ou ‘menos que’. Na antiga Roma o ‘minister’ era o
servente, o subordinado que apenas tinha habilidades ou era jeitoso. Como se vê, o
latim explica por que qualquer imbecil pode ser ministro, mas não maestro,
mestre, dirigente capacitado”.
Embora
a tradução seja, no caso, passível de algum reparo, no todo não há como divergir.
Em época de campanha política vem bem a
calhar. Já notou como, na esfera pública, para preencher cargos o que menos se
leva em conta é a competência? Assusta ver como se nomeiam figuras medíocres unicamente
por causa de conchavos eleitoreiros. Para eliminar a fedentina de um curtume, para
dirigir o caminhão de lixo de uma prefeitura exigem-se credenciais do candidato.
Ele precisa apresentar documentos, além de se submeter a teste comprobatório de
capacidade. Se não satisfaz ao exigido, é reprovado. Mas para ocupar função
pública, em qualquer
município, nenhuma exigência é feita. Digo município porque tudo começa aí. O
município é a esfera privilegiada do exercício da cidadania. Nele se pode conhecer
o pretendente a cargo do poder executivo ou do legislativo. No município o
eleitor encontra meios de se defrontar, cara a cara, com o requerente à
prefeitura ou à vereança. Nenhum aspirante a cargo político chega a Brasília
sem antes passar pelo crivo do município.
Aí
está importante assunto para a gente pensar. Antes de tudo, que valor têm para
nós as agremiações partidárias? Haverá, em todo o Universo, um mágico capaz de
inventar trinta diferentes doutrinas políticas para a Federação, para os estados
ou os municípios? Países com democracia mais amadurecida e vigorosa do que a
nossa não precisaram, até hoje, de mais do que de três ou quatro partidos
políticos. Por que no Brasil temos necessidade de trinta? Dá para confiar na
honestidade dos políticos que criaram tal indecência?
No
caso de Maringá, para que 8 candidatos a prefeito? São capazes de mostrar 8 diferentes
propostas de governo? E os mais de 350 candidatos a vereador? Com 50 ou 60 não
daria para montar uma excelente câmara de 15 assentos? Os 300 restantes que me
perdoem, mas será que reúnem capacidade para o cargo? Vamos falar francamente: o
que eles têm mesmo não é muita cara de pau, falta de desconfiômetro ou mero interesse
numa boquinha?
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