sábado, 9 de novembro de 2013

Ainda as mães meninas - por padre Orivaldo Robles

Perde-se nas trevas de um passado que ninguém conheceu ou lembra a época em que nossas avós se casavam com 12 ou 13 anos de idade. Aos 14, já carregavam nos braços o primeiro filho. Nem por isso elas deixavam de dar conta da casa, de cozinhar, lavar, passar, fazer sabão, criar galinhas, amassar pão... e uma infinidade de outras obrigações. Ninguém ouvira ainda falar sobre creche, babá, “baby-sitter”, essas coisas. Com muita sorte, a mãe adolescente, se tanto, recebia ajuda de uma criança pouco mais nova do que ela – irmã, prima ou vizinha – a quem, por instantes, confiava seu nenê. Contudo, o que arrumava, muitas vezes, era nova fonte de preocupação. Essa adulta de 14 anos passava a ter duas crianças sob seus cuidados.
 Passou o tempo. Os costumes mudaram. A vida hoje é diferente.
Quando nos procuram para tratar de casamento, os jovens andam por volta dos 30 anos. Vez por outra, a carinha quase infantil de uma noiva me confunde. Mas já completou 28, 30 ou um pouquinho mais. Acabou o casamento de adolescentes. Se aparece noiva de 16, 18 anos, a gente aconselha a refletir mais. A retardar uma decisão tão importante para si e para tantas pessoas que a amam.  
Pois não há de ver que neste final de outubro os jornais trouxeram uma notícia aterradora? Saiu, com todas as letras: “Brasil gasta R$ 7 bi com gravidez na adolescência”. É conclusão de estudo das Nações Unidas. Diz que o “Brasil conseguiria acumular R$ 7 bilhões a mais na arrecadação anual, se adolescentes adiassem a gravidez até depois dos 20 anos”.  Nos países em desenvolvimento, por dia (atenção, por dia!), 70 mil meninas abaixo dos 18 anos dão à luz. Dessas, 200 morrem por complicações da gravidez ou do parto.
Faz mais de 15 anos, escrevi sobre o assunto o texto “Mães meninas”. Se algo mudou foi, pelo que agora percebo, para pior. O problema não é só dos pais da garota. Afeta a sociedade por inteiro. A mesma sociedade que incentiva qualquer forma de prazer. Em especial o sexo desbragado, irresponsável.
 A sociedade admite exigências para jovem dirigir automóvel. Para abrir empresa. Para usar cartão de crédito. Para assinar escritura de propriedade. Para viajar desacompanhado (a) ao Exterior. Há leis para muitas coisas que os jovens gostam de praticar, mas para as quais não estão ainda preparados. Ninguém discorda. Afinal está em jogo o bem comum, que se sobrepõe ao interesse ou ao gosto pessoal.
Em se tratando, porém, do exercício da sexualidade, aí qualquer norma é taxada de censura. Obscurantismo medieval, destruição da liberdade. Pois as pessoas têm direito de fazer o que bem entenderem. Admitem-se (até se incentivam) práticas cujas consequências as vítimas carregarão por toda a vida. Mas que ninguém se meta: as pessoas são livres!
Só um exemplo: tolera-se qualquer tipo de entretenimento para nossos jovens. Até aqueles que fazem apologia dos mais baixos instintos. Tornaram-se comuns “festas” movidas por álcool e outras drogas além de “melodias” que convidam a desfrutar da mulher como de simples objeto de prazer. Aclamam-se as garotas que se expõem, que se oferecem. Os promotores do evento pouco estão se lixando para os frutos da “diversão” que organizam. Influenciáveis como são, o(a)s adolescentes tornam-se presas fáceis nas garras desses abutres.

Sobra para os pais consertar depois o estrago. Se conseguirem.

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