Perde-se
nas trevas de um passado que ninguém conheceu ou lembra a época em que nossas
avós se casavam com 12 ou 13 anos de idade. Aos 14, já carregavam nos braços o
primeiro filho. Nem por isso elas deixavam de dar conta da casa, de cozinhar,
lavar, passar, fazer sabão, criar galinhas, amassar pão... e uma infinidade de outras obrigações. Ninguém ouvira ainda
falar sobre creche, babá, “baby-sitter”, essas coisas. Com muita sorte, a mãe adolescente, se tanto, recebia ajuda de uma
criança pouco mais nova do que ela – irmã, prima ou vizinha – a quem, por
instantes, confiava seu nenê. Contudo, o que arrumava, muitas vezes, era nova
fonte de preocupação. Essa adulta de 14 anos passava a ter duas crianças sob seus
cuidados.
Passou o tempo. Os costumes mudaram. A vida
hoje é diferente.
Quando
nos procuram para tratar de casamento, os jovens andam por volta dos 30 anos.
Vez por outra, a carinha quase infantil de uma noiva me confunde. Mas já
completou 28, 30 ou um pouquinho mais. Acabou o casamento de adolescentes. Se
aparece noiva de 16, 18 anos, a gente aconselha a refletir mais. A retardar uma
decisão tão importante para si e para tantas pessoas que a amam.
Pois
não há de ver que neste final de outubro os jornais trouxeram uma notícia
aterradora? Saiu, com todas as letras: “Brasil gasta R$ 7 bi com gravidez na
adolescência”. É conclusão de estudo das Nações Unidas. Diz que o “Brasil
conseguiria acumular R$ 7 bilhões a mais na arrecadação anual, se adolescentes
adiassem a gravidez até depois dos 20 anos”.
Nos países em desenvolvimento, por dia (atenção, por dia!), 70 mil
meninas abaixo dos 18 anos dão à luz. Dessas, 200 morrem por complicações da
gravidez ou do parto.
Faz
mais de 15 anos, escrevi sobre o assunto o texto “Mães meninas”. Se algo mudou
foi, pelo que agora percebo, para pior. O problema não é só dos pais da garota.
Afeta a sociedade por inteiro. A mesma sociedade que incentiva qualquer forma
de prazer. Em especial o sexo desbragado, irresponsável.
A sociedade admite exigências para jovem
dirigir automóvel. Para abrir empresa. Para usar cartão de crédito. Para
assinar escritura de propriedade. Para viajar desacompanhado (a) ao Exterior.
Há leis para muitas coisas que os jovens gostam de praticar, mas para as quais
não estão ainda preparados. Ninguém discorda. Afinal está em jogo o bem comum,
que se sobrepõe ao interesse ou ao gosto pessoal.
Em
se tratando, porém, do exercício da sexualidade, aí qualquer norma é taxada de censura.
Obscurantismo medieval, destruição da liberdade. Pois as pessoas têm direito de
fazer o que bem entenderem. Admitem-se (até se incentivam) práticas cujas
consequências as vítimas carregarão por toda a vida. Mas que ninguém se meta: as
pessoas são livres!
Só
um exemplo: tolera-se qualquer tipo de entretenimento para nossos jovens. Até aqueles que fazem apologia dos
mais baixos instintos. Tornaram-se comuns “festas” movidas por álcool e outras
drogas além de “melodias” que convidam a desfrutar da mulher como de simples objeto
de prazer. Aclamam-se as garotas que se expõem, que se oferecem. Os promotores
do evento pouco estão se lixando para os frutos da “diversão” que organizam. Influenciáveis
como são, o(a)s adolescentes tornam-se presas fáceis nas garras desses abutres.
Sobra
para os pais consertar depois o estrago. Se conseguirem.
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