domingo, 25 de outubro de 2009

Carta de Dom Anuar Battisti aos Jovens - Parte 2

2 - O SENTIDO DA VIDA

O sentido da vida está em amar. Eis a chave para a felicidade. Amar e ser amado é o caminho de uma vida que vale o esforço de ser vivida. O amor supõe sempre outra pessoa.
Ninguém ama por si mesmo nem para si mesmo: não seria amor, mas puro egoísmo. O amor é encontro com o outro e, no outro, encontro das razões para viver, o complemento daquilo que não se possui. É a convivência fraterna, a diferença de pessoas que desperta em cada um o sentido da vida. Ninguém vai encontrar o sentido da vida sozinho, como se fosse uma ilha. Somos seres em relação, em comunhão com o outro e com Deus. Nosso mundo hoje incentiva muito o egoísmo e o isolamento. Isso gera pessoas vazias, sem sentido, sem projeto de vida, egocêntricas, como se fossem o centro do mundo, pessoas que se esquecem de Deus, da família, dos amigos. Estas pessoas crescem frágeis, melindrosas e inseguras na convivência humana. Faltou-lhes a experiência do outro, do encontro fraterno com o irmão e com Deus.
Jesus deixou um mandamento novo: “Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. Não existe maior amor do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,12-13). Deus nos amou por primeiro: é isto que preenche de sentido a nossa vida. Como posso amar o próximo e a mim mesmo se primeiro não reconheço o amor de Deus em mim? Só conseguiremos amar o irmão se primeiro experimentarmos que Deus nos ama. Se eu não reconhecer o amor de Deus em mim, dificilmente conseguirei amar as outras pessoas de forma madura e sadia. O amor de Deus é doação, gratuidade, relação com o outro. Aquilo que dou aos outros é o que antes já recebi de Deus. Ninguém dá o que não tem, inclusive o amor. Por isso, querido jovem, reconhecer o amor de Deus em nós é condição para amar a si mesmo e ao outro.

O amor não é sentimentalismo barato.
Muitos jovens vivem hoje um vazio existencial porque não fizeram a experiência do amor verdadeiro. Caem na superficialidade, nas coisas passageiras e por isso vivem a vida simplesmente pelo prazer. O prazer é bom, mas deve ser vivido com responsabilidade. O problema existe quando o prazer se torna fuga da sua própria vida. Torna-se um ciclo vicioso – quanto mais prazer busco, de mais prazer eu preciso. Transforma-se numa sede insaciável, que nunca tem fim. O papa Bento XVI nos dá um grande ensinamento: “O meu apelo hoje para vós, jovens, é que não desperdiceis a vossa juventude. Não tenteis fugir dela. Consagrai-a aos elevados ideais da fé e da solidariedade. Vós não sois apenas o futuro da Igreja e da humanidade, como uma espécie de fuga do presente. Pelo contrário, sois o presente jovem da Igreja e da humanidade. A Igreja precisa de vós, como jovens, para manifestar ao mundo o rosto de Jesus Cristo... Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada” (Jornada Mundial da Juventude, 2008).



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